Michelle Bachelet apresenta nova equipa de governo

Presidente do Chile afastou a sua anterior equipa política e rodeou-se de nomes respeitados que sugerem uma nova via negocial para cumprir a agenda de reformas.

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A Presidente do Chile, Michelle Bachelet, empossou os novos membros do Governo AFP/VLADIMIR RODAS

A Presidente do Chile, Michelle Bachelet, revelou nesta segunda-feira a recomposição da sua equipa governativa, 30 horas depois do prazo que se tinha comprometido a cumprir quando anunciou ao país a demissão em bloco do executivo, numa medida inédita destinada a recuperar a confiança pública na integridade do Governo.

Como se esperava, Bachelet afastou o seu número dois e antigo braço direito, Rodrigo Peñailillo, que ocupava o cargo de ministro do Interior. A sua saída tornara-se inevitável a partir do momento em que foi apontado como um dos “consultores” da empresa Soquimich, uma sociedade química e mineira do ex-genro do ditador Augusto Pinochet, sob investigação por envolvimento num esquema de financiamento eleitoral ilegal. Para o cargo foi nomeado o anterior ministro da Defesa, Jorge Burgos, um experiente legislador democrata-cristão que já tinha desempenhado funções em anteriores governos de centro-esquerda.

O fantasma da corrupção, do favorecimento e tráfico de influências ameaçava paralisar a acção do executivo, e já tinha beliscado a própria Presidente, cujo filho e assessor, Sebastián Dávalos, bem como a nora, Natalia Compagnon, foram implicados num escândalo de alegado favorecimento na obtenção de um empréstimo bancário que lhes permitiu concretizar um lucrativo negócio imobiliário. Dávalos, entretanto ilibado pelo regulador da banca, deixou de trabalhar com o palácio de La Moneda.

Bachelet, que disse que precisava de 72 horas para decidir quem saía e quem ficava no Governo, afastou definitivamente cinco ministros e atribuiu novas pastas a quatro. Além de Peñailillo, e restantes membros da equipa política da presidência, também saiu o responsável das Finanças, Alberto Arenas, outro dos seus aliados, autor de uma reforma tributária que mereceu a contestação em bloco do sector empresarial e um dos nomes mais criticados do Governo. Foi a primeira vez na fase democrática do Chile que um ministro das Finanças foi demitido — para o cargo, Bachelet foi agora buscar o presidente do Banco de Estado do Chile, Rodrigo Valdés, militante do Partido Pela Democracia.

As mudanças foram drásticas, justificou a Presidente, para “dar um novo impulso ao Governo”. Como interpretava a imprensa chilena, Michelle Bachelet abriu mão da equipa mas não da sua ambiciosa agenda de reformas: os nomes que escolheu para prosseguir “nesta nova fase tão exigente quanto inspiradora”, conforme caracterizou, sugerem que vai trilhar uma via mais conciliatória, baseada no diálogo e na negociação.

A taxa de aprovação de Michelle Bachelet, que tomou posse em Março de 2014 e ainda tem três anos de mandato pela frente, está no mínimo histórico, com apenas 31% dos chilenos a classificar o seu Governo de forma positiva.

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