"Ainda hoje era ontem": e o texto de Camarneiro sobre ao palco

Os encontros nas palavras de Camarneiro, representados pelos membros da companhia Toitoi. Estreia esta quarta feira, dia 1

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O texto estava numa gaveta, talvez à espera de um encontro. E o encontro entre o escritor Nuno Camarneiro, vencedor do prémio Leya em 2012, e o actor Ricardo Vaz Trindade, um dos fundadores da Companhia de Teatro ToiToi foi o encontro necessário a que aquele texto visse a luz do dia. A luz, e as palavras e os actos, reescritos e adaptados num texto que se transformou na peça “Ainda Hoje era ontem”, peça de teatro que estreia esta quarta feira, dia 1, no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra.

Será a estreia de Nuno Camarneiro na dramaturgia e, ainda antes de ver no palco o resultado desse seu “encontro”, já sabe que deverá ser um caminho para trilhar mais vezes. “Fiz muito teatro, como actor, enquanto fui estudante na Universidade de Coimbra. A vontade de experimentar já existia há muito tempo. Chegou a hora”, disse o autor ao P3, acrescentando, de imediato, que será “para continuar”.

"Experiência muito gratificante"

"A história que aqui vai contada terminou antes de começar, por isso é importante contá-la, porque ensina o fim antes do começo", lê-se na sinopse da peça. Para um romancista, "é inegável a curiosidade sobre a forma com que o leitor recria, imagina e visualiza as suas palavras", admite o escritor. Camarneiro não foi, porém, o mero espectador que verá em palco a interpretação que Ricardo Vaz Trindade , Marta Félix e Luís Pedro Madeira farão ao seu texto. “Permiti-me a alterá-lo, a adaptá-lo, participei no processo. Foi uma experiência muito gratificante”, explica.

Ricardo Vaz Trindade, o actor que também assina a direcção artística da peça, defende que, “tal como o corpo dos actores, também os textos devem ser matéria moldável”. “Para o Nuno Camarneiro foi uma novidade, mas para nós também. Já não trabalhávamos textos de outras autores há muito tempo. Acabamos por fazer um trabalho conjunto muito enriquecedor”, disse ao P3.

O texto aborda uma relação conturbada, “um encontro entre um homem e uma mulher”, que está prestes a terminar. E é de “Encontros” que se faz este ano o tema da programação da semana cultural da Universidade de Coimbra (uma semana que já costumava durar dois meses e que este ano, para assinalar os 725 anos da instituição, dura o ano inteiro), pelo que a oportunidade de apresentar a peça no âmbito dessas comemorações acabou por se impôr. Depois das duas apresentações, dias 1 e 2 de Abril, em Coimbra, a peça deverá entrar em itinerância. Não está, porém, ainda nenhuma data definida.

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