Colocação de desempregados através do IEFP recuou em Fevereiro

Diminuição das colocações não impediu que o número de inscritos tivesse caído. Centros de emprego tinham 604.314 desempregados registados.

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Em Fevereiro, houve menos pessoas a recorrer aos centros de emprego. ADRIANO MIRANDA

Depois do aumento significativo registado no início do ano, a colocação de desempregados através dos centros de emprego recuou em Fevereiro. Os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), divulgados na sexta-feira à noite, mostram que no mês passado 8760 pessoas conseguiram encontrar trabalho – menos 18,2% do que em Janeiro.

Esta diminuição das colocações ocorreu após a subida de mais de 50% verificada entre Dezembro e Janeiro, embora uma análise ao histórico mostre que em Fevereiro há normalmente uma diminuição dos desempregados que arranjam emprego através do IEFP. Por outro lado, ainda é cedo para dizer se estamos perante uma alteração da tendência verificada em 2014.

Tal como o PÚBLICO já noticiou, no ano passado os centros de emprego conseguiram colocar um número inédito de pessoas: 102.977 desempregados. Mas em 54% dos casos as empresas beneficiaram de subsídios aos salários ou de isenções e reduções nas contribuições sociais, ou seja, foi emprego apoiado por dinheiro público.

As ofertas de emprego disponibilizadas pelas empresas também diminuíram (13,7%), interrompendo o crescimento significativo registado em Janeiro.

Este recuo das colocações e das ofertas de emprego não impediu, contudo, que o número de desempregados inscritos no IEFP tivesse recuado 1,8% em cadeia, contrariando a tendência de subida verificada em Dezembro e em Janeiro. Em Fevereiro, havia 604.314 pessoas inscritas, menos 11340 do que em Janeiro.

Uma parte desta redução poderá estar relacionada com o ligeiro aumento do número de desempregados ocupados. Em Fevereiro, o IEFP dá conta de 156.701 (mais 1131 ou 0,7% do que no mês anterior) pessoas a desenvolver trabalho socialmente necessário, em formação profissional ou a frequentar estágios, não contando por isso como desempregados.

Mas uma parte significativa do recuo do número de inscritos continua por explicar. A informação divulgada pelo instituto não revela o número de desempregados anulados das listas, mas esta poderá ser a explicação para a diminuição do desemprego. A anulação da inscrição ocorre porque as pessoas faltam às convocatórias do centro de emprego, não cumprem o dever de apresentação quinzenal ou recusam uma proposta de emprego ou de formação profissional (no caso dos subsidiados). Pode dar-se também porque conseguiram encontrar emprego por iniciativa própria ou porque emigraram.

A coordenadora da Comissão de Recursos do IEFP, Cristina Rodrigues, disse recentemente ao PÚBLICO que, em 2015, seria previsível um aumento significativo das anulações de desempregados subsidiados por causa do processo de notificação automática e centralizada que desde o início do ano já está a funcionar em pleno.

Esta evolução mensal não condiciona, contudo, a evolução positiva na comparação com o ano anterior. O número de inscritos caiu 13,8%, ou seja, menos 96.640 pessoas do que em Fevereiro de 2014; foram colocadas mais 1334 pessoas (18%) no mercado de trabalho; e as ofertas de emprego disponibilizadas pelas empresas aumentaram 1,4%.

Também na análise das novas inscrições, os dados do IEFP dão conta de um recuo, tanto em relação a Janeiro (-19.2%) como em relação a 2014 (-5.3%). Ao longo do mês, 55.675 pessoas inscreveram-se nos centros de emprego como estando desempregadas.

Tendo como referência o Continente, mantém-se como principal motivo de inscrição o fim de trabalho não permanente, que representa 36,1% do total, seguindo-se o despedimento (11%) e os que dizem ser ex-estudantes (8,8%).

Já o número de casais inscritos nos centros de emprego de Portugal continental em que ambos os cônjuges estavam em situação de desemprego atingiu 12.199 em Fevereiro, menos 7,8% em termos homólogos. Face a Janeiro, a queda foi de 1,6%, uma redução de 202 casais.

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