"Lei de Megan", a inspiração global

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Quando tinha sete anos, Megan Kanka foi violada, estrangulada e morta, e de novo violada, já sem vida DR
A ideia de que um pedófilo com um histórico de condenações pudesse viver a 30 metros de uma família com três filhos pequenos sem que ninguém o soubesse chocou o país de forma tão intensa que 89 dias depois do crime nasceu a “lei de Megan”.

Pioneira, a lei inspirou legislação a nível nacional e internacional e ainda hoje, 20 anos depois, se fala da “lei de Megan da Irlanda” ou da “lei de Megan da Austrália”.

Nos Estados Unidos, desde 1996 que todos os estados são obrigados a tornar público que um pedófilo com condenações mudou a sua residência para determinada área. Durante anos os EUA discutiram com paixão a constitucionalidade e a eficácia da nova lei. A expressão “Megan’s Law” entrou no dicionário Webster logo em 1996. O congressista de New Jersey que a propôs não esperava controvérsia. Megan estaria viva se a lei existisse, argumentou. O democrata Bill Clinton, então Presidente, ofereceu uma argumentação simples: “Nenhum direito está acima do direito de os pais poderem educar os seus filhos com amor e segurança.”

Hoje, Jesse Timmendequas, o assassino, tem 54 anos. Está preso há 21 e deverá morrer na prisão. Olhando para trás é possível dizer que algo terrível iria mais tarde ou mais cedo acontecer.

Em 1979, Timmendequas atraiu duas crianças de cinco anos para um lago propondo-lhes irem à procura de patos. Tinha 18 anos. Teve uma pena suspensa na condição de se submeter a tratamento médico. Confessou ter tirado as cuecas a uma das raparigas e contou que fugiu quando ouviu os gritos de vizinhos. Como recusou o programa de reabilitação, acabou por ser condenado a nove meses de prisão. Quando saiu, mudou de cidade.

Estávamos em 1981. A cena repetiu-se. Desta vez atraiu duas raparigas de sete anos para um bosque prometendo-lhes caixas de fogo-de-artifício. Agarrou numa das crianças e apertou-lhe o pescoço. Quando viu que estava inconsciente, largou-a no chão e fugiu. Não chegou a haver contacto sexual. Nas negociações para evitar um julgamento, que os pais da criança queriam evitar, Timmendequas admitiu os crimes de actos sexuais na forma tentada e ofensas à integridade física graves na forma tentada. Foi enviado para um centro para agressores sexuais durante dez anos.

Saiu em liberdade em 1988. Vagueou pelo país até que se instalou, com dois amigos pedófilos que conhecera na prisão, numa cidade nova. A casa era em frente à da família Kanka.

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