Rosco, um velho Spacemen 3 no Sabotage

Sterling Roswell foi baterista dos Spacemen 3 mas não devemos avaliá-lo apenas por isso, como comprova The Call of The Cosmos, o álbum que apresenta esta quinta-feira em Lisboa.

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Os concertos de Sterling Roswell já foram descritos como misto de jam psicadélica e "happening artístico" DR

Nos anos 1980, Sterling “Rosco” Roswell foi durante cerca de um ano baterista e multi-instrumentista dos Spacemen 3. Se isso é, desde logo, indicador da nuvem cósmica em que se move a sua música, também será redutor avaliá-lo apenas por essa marca no currículo. Vejamos, por exemplo, The Call of The Cosmos, o álbum a solo que editou o ano passado e que apresenta esta noite no Sabotage Club, em Lisboa (22h).

Naquele álbum, o psicadelismo torna-se matéria etérea, com a voz sussurrada entre sombras que, mais que assustar, confortam, e com a banda avançando ora lânguida entre melodias de um Lee Hazelwood convertido à exploração espacial, ora espiralando por galáxias kosmische para chegar a um ponto de equilíbrio imaginário entre os Velvet Underground e os Stereolab.

Sterling Roswell, músico de culto, fundador dos The Darkside (não confundir com a banda recente de Nicolas Jaar) com o também Spacemen 3 Peter Bain, colaborador do mítico Sky Saxon, o já falecido vocalista dos The Seeds (no novo álbum, não por acaso, há uma versão de Tripmaker), prossegue um percurso orgulhosamente marginal.

Rodeado pelos The Psychedelic SRBand, formados por George Frakes (guitarra), Syd Kemp (baixo) e Tucker Nelson (bateria), Rosco vagueia pelo palco, utilizando os instrumentos à sua disposição para acrescentar camadas de som à banda, em concertos que, como já vimos descrito na imprensa britânica, são misto de jam psicadélica e de happening artístico – num momento estamos num Interplanetary spaceliner, no seguinte aproximamo-nos dos Outskirts of infinity e algures Rosco exclamará “Give peace another chance” - e quase imaginamos o antigo companheiro Jason Pierce e Bobby Gillespie, dos Primal Scream, a juntarem-se ao refrão.

No meio do clube rock’n’roll, o céu não parecerá longe demais.

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