Águas do Porto podem ditar regresso de obras à Avenida da Boavista

Há problemas de financiamento e logísticos e travar a requalificação da zona central da avenida, mas uma intervenção num colector pode influenciar o calendário

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A Avenida da Boavista vive com obras há vários meses Paulo Pimenta/Arquivo

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, recusou-se, esta terça-feira, a comprometer-se com um calendário para a conclusão das obras de requalificação da Avenida da Boavista. Questionado, pelo vereador Ricardo Valente, do PSD, sobre a anunciada paragem nas obras, o autarca começou por dizer que não estava “em condições de anunciar se e quando é que será retomada a obra da Avenida da Boavista”, mas acabou por garantir: “Nós vamos completar o projecto, não me posso é comprometer com um calendário”.

Na semana passada, Rui Moreira tornara público que, concluídas as várias fases da empreitada lançada ainda pelo executivo de Rui Rio, no troço nascente da Boavista, a área central da avenida não iria, para já, ser requalificada. Na altura, o autarca disse que a intervenção só seria concluída se a candidatura apresentada pelo município aos fundos comunitários, através do overbooking, fosse aprovada. Esta terça-feira, Moreira explicou que a questão financeira não é a única que está a travar a reabilitação da artéria.

“Neste momento não conseguimos imaginar com facilidade a entrada em obras daquele nó junto à Avenida Marechal Gomes da Costa”, admitiu o presidente da câmara, acrescentando que situação similar se aplica ao cruzamento da Boavista com a Avenida do Dr. Antunes Guimarães. Rui Moreira diz que o projecto desenhado ainda no tempo de Rui Rio previa que a intervenção fosse feita com “cortes totais de trânsito” e que, neste momento, “voltar a cortar a avenida nos dois sentidos é impensável”. Por isso, a tentativa de “não imobilizar a cidade” está também a pesar na conclusão da obra.

A conclusão dos trabalhos que já custaram, pelas contas da câmara, cerca de dez milhões de euros, está, por isso, dependente da aprovação dos fundos comunitários a da resolução dos problemas “logísticos”. Contudo, disse Rui Moreira, há um factor que pode pesar no avanço mais rápido dos trabalhos. “As Águas [do Porto] estão a estudar se é necessária uma intervenção num colector que passa junto ao Dallas e por baixo da VCI [Via de Cintura Interna]. Se for necessário fazer essa intervenção, justificar-se-á avançar imediatamente com as obras nesse troço [da Boavista]”, admitiu o autarca.

A anunciada paragem nas obras na Avenida da Boavista foi criticada pelo social-democrata Ricardo Valente, que se mostrou inconformado por “a zona mais crítica e necessitada de obras” da avenida enfrentar a perspectiva de não ter obras. “Com grande surpresa minha percebo que a Avenida da Boavista pode ficar com as duas pontas requalificadas e o meio não, o que não faz sentido. Depois do esforço que se fez, como se deixa uma faixa tão importante, que liga duas zonas qualificadas, sem obras? Que sentido faz deixá-la assim?”

Rui Moreira defendeu-se, dizendo que em 12 anos de mandato, a gestão social-democrata da cidade requalificara apenas “20%” da avenida, com um projecto “com problemas, ao nível da ciclovia que corre ao lado do estacionamento”, e aconselhando o vereador a perguntar ao anterior executivo por que é que “as obras não foram continuadas de baixo para cima ou de cima para baixo”, uma vez que o executivo de Rui Rio requalificou o lado poente e lançou, depois, a obra no lado nascente, deixando o miolo da avenida para o fim.

Ricardo Valente não desarmou, dizendo que se as obras não se concluírem, “perde-se o conceito de reabilitação estruturante” e aconselhou Moreira a não se ficar tolhido por eventuais problemas de trânsito, “porque, caso contrário, nunca se reabilitava nada”, nem a ceder aos “pequenos interesses” de quem não quer ter obras, durante meses, à porta de casa. “A política tem de estar acima desse ruído”, defendeu.

Na resposta, Moreira lembrou ao vereador que a câmara já ajustara o calendário das obras na Avenida da Boavista depois de se reunir com os comerciantes afectados e de estes pedirem para que não se realizassem obras durante o período de Natal. “Estes pequenos interesses são o que fazem a cidade. Não os podemos negligenciar”, defendeu o autarca.

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