Qatar Airways compra 10% da British Airways-Iberia

Companhia detida pelo fundo soberano do Qatar admite vir a reforçar posição no terceiro maior grupo de aviação na Europa.

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Akbar Al Baker, presidente executivo da Qatar Airways, quer ir mais longe no grupo IAG AFP PHOTO PIERRE VERDY

A Qatar Airways anunciou nesta sexta-feira a compra de 9,99% do grupo IAG, que resultou da fusão entre a British Airways e a Iberia e que, a partir de 2013, passou a integrar ainda a companhia low cost espanhola Vueling. A transportadora aérea do Médio Oriente, detida pelo fundo soberano do Qatar, admite reforçar a posição naquele que é hoje o terceiro maior grupo de aviação europeu.

No comunicado em que anuncia a operação, a Qatar Airways afirma que esta aquisição faz parte “do esforço para ampliar a operação e reforçar os laços comerciais iniciados com os acordos de code-share com o grupo IAG, bem como com a entrada na aliança Oneworld”.

Recorde-se que foi a British Airways que, em Outubro de 2013, apadrinhou a entrada da Qatar Airways nesta rede mundial de companhias de aviação, que compete directamente com a Star Alliance, da qual a portuguesa TAP faz parte.

A Qatar Airways admite “aumentar mais a sua posição ao longo do tempo, apesar de o objectivo agora não ir além dos 9,99%”, lê-se no comunicado. As intenções da transportadora aérea não poderão, porém, ir além dos 49%, visto que as regras comunitárias impedem que as empresas do sector sejam detidas maioritariamente por investidores de fora da Europa.

No comunicado, o presidente executivo da Qatar Airways refere que o grupo IAG “representa uma excelente oportunidade para continuar a desenvolver a estratégia [da companhia] no Ocidente”. Akbar Al Baker refere ainda que “depois da entrada na Oneworld, faz sentido” as duas empresas trabalharem “de uma forma mais próxima no curto prazo”, de modo a desenvolver “uma relação a longo prazo”. Além do acordo de code-share, que permite a partilha de voos, a Qatar Airways e o grupo IAG já tinham operações cruzadas na área do transporte de carga.

Já o presidente executivo do grupo IAG, Willie Walsh, afirmou, em comunicado, que está “encantado por ter a Qatar Airways, uma das melhores companhias de aviação do mundo, como accionista de longo prazo”.

No final do ano passado, a transportadora detida pelo fundo soberano do Qatar dispunha de uma frota de 145 aviões, dos quais 14 são A380, e voava para 146 destinos. Mas a Airbus já tem em mãos uma encomenda da Qatar Airways para 80 novos A350-900, o que comprova a musculada tentativa que está a fazer para se tornar numa das companhias de aviação de referência no mundo.  

Não é, porém, a única no Médio Oriente a tentar ganhar espaço na Europa. A Ethiad Airways conseguiu, no final do ano passado, luz verde da Comissão Europeia para se tornar no maior accionista da fragilizada Alitalia, por quase 400 milhões de euros.

Mas o passo que a Qatar Airways agora deu não é comparável, pela expressão que o grupo IAG tem na Europa. No ano passado, terminou em terceiro lugar no ranking, em termos de passageiros transportados, ficando apenas atrás da Lufthansa, a líder, e da Air France-KLM (que detém também a low cost Transavia).

E, depois da compra da Vueling em 2013, o grupo IAG está agora em vias de ficar com a low cost irlandesa Aer Lingus. Esta semana, o conselho de administração da companhia aprovou a oferta feita pelo grupo liderado por Willie Walsh, a terceira no espaço de seis semanas, num valor de 1300 milhões de euros.

Mas ainda há dúvidas sobre se o negócio verá a luz do dia, visto que o Estado irlandês detém 25% do capital da empresa e o Governo tem vindo a ser confrontado com as reticências da oposição em avançar com a venda ao grupo IAG. Outro accionista de referência da Era Lingus é a low cost Ryanair. 

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