À espera de prendas no “sapato” eleitoral

Nem Passos nem Costa deixaram de aproveitar este Natal para agitar já o “sapatinho” eleitoral de 2015.

As mensagens de Natal constituem uma rotina que se repete, ano após ano, sem grandes sobressaltos ou surpresas. Da janela do Vaticano, o Papa Francisco apelou ao fim das guerras, pediu atenção para os que sofrem, para as minorias vítimas de perseguições brutais, para a violência exercida sobre as crianças, tendo antes elogiado (na Missa do Galo, na noite de dia 24) “as pessoas simples, por oposição aos arrogantes, orgulhosos, os que estabelecem as leis de acordo com os seus critérios pessoais.” Em Portugal, o actual patriarca de Lisboa preferiu centrar a sua mensagem na “verdade” da família, apelando a que sejam dadas “condições para a sua constituição” e viabilidade, pedindo também atenção “à fragilidade dos outros” como obrigação social. Em ambas as intervenções, só traços comuns às mensagens católicas e centrados nas áreas de consenso interno.

Já no campo político, quer Passos Coelho, quer António Costa aproveitaram as respectivas mensagens de Natal para apelar, veladamente, aos eleitores de 2015. Costa quer, obviamente, chegar ao governo alicerçado no descontentamento popular. “2015 é o ano em que teremos oportunidade de começar o caminho de mudança”, disse. E não precisava de dizer mais nada. Passos, por seu turno, quer o contrário. “Temos ainda muitas escolhas a fazer para fortalecer o nosso presente e preparar o nosso futuro”, afirmou. O aviso veio depois: “Não queremos deitar tudo a perder.” Ou seja, votem em nós que garantiremos ao país o melhor rumo. Costa falou de dificuldades, de desemprego, de incertezas no futuro, enquanto Passos falou de crescimento sustentado, de novas prioridades e de “um grande consenso nacional” que em 2014 só ele viu. Falaram de dois países diferentes gerados a partir de um só Portugal que, na verdade, dificilmente se reconhece em tais simplificações. Uma coisa é certa: Passos e Costa aproveitaram o Natal para agitar o “sapatinho” onde querem receber em 2015 a melhor prenda: o voto.

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