Prós e contras de um melodrama estelar

Interstellar é o mais tragável filme de Christopher Nolan desde Insónia.

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É curioso que 2001: Odisseia no Espaço venha tanto à baila a propósito de Interstellar quando o filme de Christopher Nolan deve ser o mais “anti-2001” possível, totalmente dependente de um móbil sentimental, mesmo sentimentalão, que acaba por ser o princípio, o meio e o fim de tudo o que aqui se passa (enquanto no filme de Stanley Kubrick, recorde-se, o único arremedo de “sentimento” vinha, ironia ainda hoje imbatível, de um computador a ser desligado).

Dito isto, nada contra o melodrama familiar “estelar” que enforma a narrativa de Interstellar, embora, isso sim, tenhamos tudo contra o score de Hans Zimmer, a partitura mais manipuladora que se ouviu em muitos anos, e de que Nolan se serve ao melhor (quer dizer, pior) estilo “sopa”, segundo a imortal definição de Straub. Assim como também não nos custa admitir que, depois dos insuportáveis Batman e do chatíssimo A Origem, este é o mais tragável Nolan desde Insónia. Mais do que isto, contudo, parece-nos incomensurável exagero.

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