A Way of Arts já soma dez anos de cultura

A Way of Arts, que completa este ano dez anos, surgiu como o local onde “tudo podia acontecer” a nível artístico. A ideia inicial era fazer com que “pólos não comunicantes das Artes” se tocassem. Ter no mesmo espaço arte clássica e arte contemporânea

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No dia 3 de Outubro, a Way of Arts (WOA) abre portas para “apresentar um resumo dos projectos da empresa”, assinalando assim o 10.º aniversário.

Haverá uma exposição de fotografia “com a temática do mar envolvida” e uma instalação “através da qual se tentará simbolizar o percurso da WOA ao longo da última década”, acompanhadas da actuação de um pianista clássico. Tudo isto para “tentar passar o que é o mundo transversal” da Way of Arts.

Recuemos então ao início da década de 2000, altura em que Gonçalo Leandro, fundador e director executivo da WOA vivia e trabalhava em Londres, Inglaterra. O projecto foi “pensado num quarto em Strattford, bairro londrino, quando estava a trabalhar em restauro no Palácio de Buckingham”, contou Gonçalo Leandro ao P3. Na altura, recordou, viveu o “borbulhar cultural de Brick Lane, no West End de Londres”, que o inspirou.

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Quando regressou a Portugal decidiu que não queria ser “apenas restaurador”. “Comecei numas folhas a desenhar o que seria o meu sonho da WOA”, referiu. O projecto saiu do papel e arrancou em 2003, altura em que foi alugado o primeiro espaço, que foi oficialmente inaugurado um ano mais tarde. A ideia era, e é, “tocar pólos não comunicantes na Arte”, ter um espaço “onde tudo podia acontecer”, mas onde era necessário ter um “core business”, algo que “ajudasse a materializar as coisas”.

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“Como a minha formação base é na conversação e restauro, deixei que esse sector fosse o motor para tudo o resto”, disse. Nos primeiros anos, que foram “muito especiais”, faziam-se exposições e eventos comerciais de venda e promoção da empresa. “Mas a dada altura este projecto tornou-se mais experimentalista. E esse é o caminho com que nos sentimos mais confortáveis”, recordou Gonçalo Leandro.

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A arte contemporânea entrou na WOA “na vontade de criar conhecimento”. “Ter artífices a trabalhar com artistas, pensamentos mais conceptuais a serem cruzados com o conhecimento técnico”, explicou. Assim, quando recorrem à WOA, “os artistas têm o apoio dos técnicos para fazer eventos, montar estruturas, pensar as obras. A ideia é “deixar que haja cruzamento em permanência”, que os artistas vão para a WOA “experimentar e testar materiais”.

Arte com abertura

Mas como podem os artistas aceder a este espaço? Além das residências artísticas “propostas por faculdades”, e dos protocolos com instituições como a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e a SDE College da Dinamarca, que prevêem também estágios, há “uma abertura muito grande”. As portas estão a abertas a quem quiser visitar a WOA ou “fazer residências no que quer que seja”, garantiu Gonçalo Leandro, recordando a altura em que receberam “um grupo de bailarinas, a fazer residência”. “Tínhamos pessoas a restaurar e as bailarinas a ensaiar ao mesmo tempo”, relatou.

Em 2004, a WOA arrancou com quatro pessoas, além do director executivo — “um primo meu da área do Marketing, que me ajudou no início, e três a trabalhar em parceria comigo”. Hoje, em quadro fixo são sete. Embora agora estejam 14 envolvidos num projecto, mas já chegaram a ser 40.

Embora Gonçalo Leandro afirme que a WOA “não tem pretensão de mudar o mundo das artes”, admite que “alguma coisa aconteceu, e há pessoas curiosas em replicar o projecto noutros locais. “Começámos a ter que dar do nosso tempo para explicar”, disse, contando que agora é convidado para dar formações e participar em palestras “em Portugal e no estrangeiro”. O responsável revelou ainda que “está a ser feito um ‘case study’ sobre a empresa, por ser única nas áreas de actuação, que será publicado este ano”. “Porque rasgámos com os standards normais no mundo das artes”, referiu.

Além do restauro de peças, de clientes particulares e igrejas, a WOA está “a trabalhar num projecto que tem que ver com Cultura e Turismo Cultural”. “O objectivo é conseguirmos, através do Turismo Cultural, gerar verbas para podermos investir na recuperação do Património”, disse Gonçalo Leandro. Daqui para a frente a ideia é continuar a “dinamizar as artes”, mas também “recuperar ofícios que se estejam a perder, juntando isto às novas tecnologias e dar formação, sempre tendo como objectivo final a recuperação de património”.

Uma coisa é certa, a WOA vai manter as portas do seu espaço em Alcabideche, Cascais, abertas a todos, “em prol da Cultura”. A festa no dia 3 tem início pelas 19h.

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