Oliver Stone apresentou no Porto a sua visão crítica da história americana

O realizador de Platoon e JFK passou esta sexta-feira no Porto, onde apresentou o livro The Untold History of the United States e foi condecorado por Rui Moreira, "um presidente da Câmara que parece uma estrela de cinema".

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Oliver Stone almoçou com Rui Moreira Nelson Garrido

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, atribuiu esta sexta-feira a medalha de honra da cidade ao realizador Oliver Stone, que passou ainda pela Casa das Artes, onde apresentou, ao fim da tarde, The Untold History of the United States, um livro co-escrito com o historiador Peter J. Kuznick para acompanhar a série televisiva homónima, um documentário em 12 episódios, narrados pelo próprio cineasta, que revê numa perspectiva crítica alguns momentos cruciais da história americana, desde a guerra hispano-americana de 1898 até ao presente.

Convidado de honra da sexta edição do festival Douro Film Harvest (DFH), o realizador de filmes como Platoon (1986), Wall Street (1987), Nascido a 4 de Julho (1989), JFK (1991), Nixon (1995) ou W. (2008), conhecido pelas suas convicções de esquerda e pela sua visão muito crítica da política externa americana, explicou que sentiu a necessidade de escrever este livro com um académico prestigiado, uma obra que descreveu como “muito sólida”, para sustentar cientificamente a série documental.Com a sua reputação de cineasta politicamente empenhado, afirmou, “diziam logo que tinha inventado aquilo tudo”.

Ainda nos Paços do Concelho, Stone agradeceu os elogios de Rui Moreira e afirmou que, sendo um homem bastante viajado, podia testemunhar que era rara a cidade que, como o Porto, “tem um presidente da Câmara que parece uma estrela de cinema”. O realizador sugeriu mesmo que Moreira daria “um belo candidato” a Presidente da República. E mais tarde, na Casa das Artes, onde foi entrevistado ao vivo pelo jornalista Martim Cabral e respondeu no final a perguntas da assistência, reafirmou que Moreira era um “handsome dude”, mas que, apesar disso, não o ia contratar como actor, não só por lhe faltar prática, mas por achar que era preferível que o autarca se “mantivesse na política” e viesse um dia a ter o poder necessário para “fazer coisas boas, como tirar Portugal da NATO”. 

Numa sessão em que atacou constantemente a política americana, e em particular os governos de Bush pai e de Bush filho – “não imaginam como me senti enojado quando George W. Bush foi Presidente, com a sua ignorância e a sua estupidez –, Stone diz que os estudantes liceais do seu país aprendem uma história rasurada e truncada da América, e que foi também a pensar neles que quis fazer esta série. Começou a trabalhar nela em 2008 e o primeiro episódio só veio a ser exibido no final de 2012. “É uma compilação do meu cinema, porque todos os temas que tratei confluem nesta série”. 

Oliver Stone trabalha agora num filme sobre Edward Snowden, o analista de sistemas que denunciou publicamente o sistema de vigilância global da NSA, a Agência de Segurança Nacional dos EUA. Diz que não se tratará de uma apologia e que, como nos seus filmes sobre Nixon e George W. Bush, tentará captar o espírito e a interioridade da personagem, mas reconhece que, “como cidadão”, tem “admiração por aquilo que Snowden fez”.

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