Governo e ambientalistas satisfeitos com cimeira do clima

Ministro do Ambiente e Quercus concordam quanto aos sinais positivos deixados em Nova Iorque.

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Em Nova Iorque, Obama deixou clara a intenção dos EUA em liderar uma solução para um tratado que substitua o Protocolo de Quioto AFP/Timothy A. CLARY

Foram poucas as promessas de novas acções ou metas mas, ainda assim, tanto o Governo como ambientalistas portugueses consideram positivo o saldo da cimeira climática realizada em Nova Iorque, esta terça-feira, a convite do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

O ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, acredita que o encontro, no qual estiveram presentes 125 líderes mundiais, deixou “um clima propício” para as negociações de um novo acordo climático que devem ser concluídas no final de 2015, numa reunião em Paris.

A opinião de Moreira da Silva, que representou Portugal na cimeira, coincidem com um sentimento geral de que o evento mostrou uma vontade política clara dos países — em particular, dos Estados Unidos e da China — em encontrarem um caminho para travar o aquecimento global, ao invés de se esconderem atrás dos seus próprios interesses.

As intervenções feitas em Nova Iorque “são de um forte comprometimento quanto a uma solução ambiciosa para as alterações climáticas”, disse o ministro do Ambiente à agência Lusa. “Estamos com um clima político propício para que um acordo seja alcançado em Dezembro de 2015”, completou.

A Quercus também reagiu de forma positiva, embora num tom um pouco mais cauteloso. A associação recorda, num comunicado, que “muitos chefes de Estado vieram a Nova Iorque para meramente afirmar o que já estão a fazer dentro de fronteiras”. No entanto, os discursos do Presidente norte-americano Barack Obama e do vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, representaram bons sinais.

Obama deixou clara a intenção dos Estados Unidos em liderar — juntamente com a China e outras grandes economias emergentes — uma solução para um tratado que substitua o Protocolo de Quioto. E Zhang Gaoli prometeu que a China começará a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa tão cedo quanto possível, uma declaração sem precedentes no discurso oficial do país.

“A China deve ser elogiada por ter assinalado a intenção de atingir o pico das emissões ‘assim que for possível’. Estes avanços, combinados com acções mais ambiciosas por parte dos EUA, apontadas pelo Presidente Obama, podem acelerar as negociações no sentido de se conseguir um acordo no próximo ano”, entende a Quercus.

A cimeira de Ban Ki-moon foi realizada à margem das negociações oficiais para se chegar a um novo acordo internacional para as alterações climáticas. O primeiro período do Protocolo de Quioto — que obriga apenas os países desenvolvidos a reduzirem as suas emissões de carbono — terminou em 2012. Vários países — entre eles os Estados Unidos, Canadá, Rússia, Austrália e Japão — não querem mais Quioto, contrariamente à União Europeia (UE).

Em 2009, na cimeira climática de Copenhaga, os líderes mundiais falharam no compromisso de chegarem a um novo acordo até àquela data. “Não nos podemos dar ao luxo de não ter uma decisão vinculativa e ambiciosa em 2015”, disse o ministro do Ambiente à Lusa. “Um segundo falhanço como o de Copenhaga seria interpretado pelos cidadãos como um afastamento da classe política e do sector empresarial em relação às preocupações que têm quanto aos impactos das alterações climáticas”, acrescentou.

Para Jorge Moreira da Silva, a cimeira de Nova Iorque foi “decisiva para que liderança e responsabilidade sejam utilizados de uma forma muito célere até final do próximo ano”.

Sem ter ainda chegado a um acordo interno quanto às metas climáticas e energéticas para 2030, a UE, como bloco, teve uma presença pálida em Nova Iorque, em contraste com o protagonismo da China e dos EUA.

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