Pobre e mal acabado

Custa admitir que Rob Reiner, que fez alguns dos melhores filmes americanos dos anos 1980, se perdeu completamente

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Numa das primeiras falas de Nunca Digas Nunca, Michael Douglas usa como argumento para vender uma casa a qualidade dos acabamentos “como já não se fazem”; pena que o filme passa a restante hora e meia a comprovar dolorosamente que, de facto, já não se fazem comédias como antigamente.

E custa admitir que Rob Reiner, que fez alguns dos melhores filmes americanos dos anos 1980 (Conta Comigo, A Princesa Prometida, Um Amor Inevitável), se perdeu completamente, filmando esta história previsível e desengraçada de um agente imobiliário resmungão e anti-social (Douglas) obrigado a cuidar da neta cuja existência desconhecia em absoluto “piloto automático”, sem sequer se dar ao trabalho de esconder a pobreza dos acabamentos.

Só mesmo o respeito pelo currículo de Reiner e pela energia transbordante de Diane Keaton, radiante como sempre apesar do filme só lhe pedir que faça uma Annie Hall com mais 40 anos em cima, nos impedem de atirar Nunca Digas Nunca directamente para o caixote do lixo. Mas a tentação, ainda assim, é grande.

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