Sem apoio do Turismo, Circuito da Boavista não será realizado, alerta Câmara do Porto

Turismo de Portugal cortou financiamento de 650 mil euros destinado ao evento, previsto para o próximo ano.

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Regresso do WTCC ao Circuito da Boavista está em causa Fernando Veludo / NFACTOS

A Câmara do Porto escreveu ao Turismo do Porto e Norte de Portugal a pedir para o Circuito da Boavista de 2015 um apoio de 650 mil euros, sem o qual o evento de 2,1 milhões não se realizará.

Na carta, a que a Lusa teve acesso, o presidente da autarquia, Rui Moreira, alerta que, sem o apoio de 650 mil euros até agora assegurado pelo Turismo de Portugal (TP), a Câmara "não poderá assegurar a realização, em 2015, daquele que é considerado o maior evento desportivo em Portugal".

"Pese embora o TP anuncie a intenção de não apoiar directamente o Circuito da Boavista [...] remete para as entidades regionais de turismo eventuais apoios a estas provas", escreve Rui Moreira no pedido de apoio dirigido na sexta-feira a Melchior Moreira, responsável daquele organismo.

Fonte camarária explicou à Lusa que o valor que tem vindo a ser suportado pelo TP e que este ano está avaliado em 650 mil euros servia para aquela entidade "comprar uma campanha publicitária na [televisão] Eurosport", uma exigência dos organizadores do Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC).

"O município suportará todos os restantes custos inerentes à organização da prova e que ascendem ao montante estimado de 2,1 milhões de euros", sustenta Rui Moreira.

Na reunião camarária desta terça-feira, o vereador da CDU, Pedro Carvalho, está preocupado em manter a prova "nos moldes anteriores", em que a Câmara paga 2,1 milhões de euros, "dos quais 700 mil euros são assumidos como prejuízo da [empresa municipal] Porto Lazer".

Amorim Pereira, do PSD, falou aos jornalistas da necessidade de o autarca ter de "ser algo mais incisivo com o TP e com o Governo".

Na carta, Moreira esclarece que "o valor do apoio financeiro solicitado pelo município" se destina "apenas" ao pagamento das subvenções de organização "exigidas pelos promotores internacionais, nomeadamente pelo WTCC e que se transformarão em campanhas televisivas de promoção nacional, ibérica e internacional".

Moreira destaca que "a repercussão mediática do evento" e "o impacto económico estimado de quatro milhões de euros, considerando a percentagem de 80% de ocupação hoteleira" e de "500 euros por estada no Porto" por cada três dias.

"Este, como qualquer outro evento de dimensão semelhante, deve caminhar para a auto-sustentabilidade o que, no caso do Circuito da Boavista, se mostra totalmente inviável sem a garantia do único apoio do Estado que, até 2013, foi assumido através do TP", observa o autarca.

Na carta, Moreira começa por se referir à "posição do Governo acerca da não-concessão de qualquer apoio financeiro ao Circuito da Boavista e o Rali de Portugal em 2015 através do Turismo de Portugal".

No caso do rali, a autarquia não está envolvida. Fonte da autarquia assegurou à Lusa que o Automóvel Clube de Portugal, organizador da prova "não contactou a Câmara do Porto sobre a realização" do evento.

Em 2014, em plena pré-campanha eleitoral, o então presidente da autarquia, Rui Rio, não quis apoiar o regresso do rali ao Norte justificando a intenção de não condicionar o seu sucessor com um compromisso de 300 mil euros e três anos.

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