A garrafa de Inês chegou à Galiza, que procura agora a menina que gosta de lasanha

Mensagem escrita em Abril por menina de Lisboa e colocada numa garrafa foi recuperada na Galiza. Luisa e Carlos procuram agora a portuguesa que faz vela e que é irmã de Sofia.

A garrafa recuperada no domingo na Galiza
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A garrafa recuperada no domingo na Galiza DR
Mapa com o local onde os canoístas dizem ter encontrado o objecto
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Mapa com o local onde os canoístas dizem ter encontrado o objecto DR
Imagem do momento em que avistaram a garrafa, colocada na página do projecto no Facebook
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Recriação do momento em que avistaram a garrafa, colocada na página do projecto no Facebook DR
Luisa e Carlos no momento em que avistaram a garrafa, segundo imagem colocada na página do projecto no Facebook
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Luisa e Carlos na recriação do momento em que avistaram a garrafa, segundo imagem colocada na página do projecto no Facebook DR

A garrafa de Lambrusco rosé tem o rótulo coçado, mas ainda bastante perceptível para um objecto que nadou desde as águas de Lisboa até ao mar da Galiza. Na verdade, Luisa e Carlos, uma mãe e filho canoístas que descobriram a garrafa, não têm certezas sobre se esta partiu mesmo de Lisboa. Sabem apenas que a mensageira que escreveu o papel enrolado no interior do objecto de vidro tem 12 anos e que se chama Inês. E agora gostavam de encontrar a menina que gosta de azul e de lasanha.

No domingo, Luisa e Carlos estavam em pleno mar quando avistaram o objecto. Ao perceberem que no interior trazia um papel, decidiram recolher a garrafa de vinho italiano. No seu interior habitava uma mensagem escrita à mão com uma esferográfica azul e ainda bastante legível, apesar da caligrafia tremida. A data indica que foi escrita a 12 de Abril deste ano. “Olá, eu sou a Inês tenho 12 anos e vivo em Lisboa, Portugal. Decidi mandar esta mensagem para saberem um pouco de mim!!”, lê-se no texto.

O problema é que Inês não dá muito mais dados nem deixa nenhum endereço, telefone ou e-mail. Sabe-se que tem uma irmã mais nova, a Sofia, de oito anos. E que é uma boa aluna. “Tenho média de 4 a todas as disciplinas. Tive 4 nos 2 exames. Espero que gostem disto!”, escreve Inês – que deixa mais algumas pistas, como ter o azul como cor favorita e gostar de praticar vela, apesar de já ter experimentado outras actividades como natação, ginástica, ballet e música. Para ser identificada, deixa apenas mais duas curiosidades: a sua comida favorita é lasanha, acompanhada por “Coca-Cola Cherry” – uma versão deste refrigerante que tem sabor a cereja e que não é comercializado em Portugal.

Luisa Martínez, por coincidência, é responsável na Galiza por um projecto chamado DivulgaMar, que pertence à Unidade de Cultura Científica do Conselho Superior de Investigações Científicas naquela região espanhola e que pretende divulgar tanto a ciência como as tecnologias marinhas. Foi precisamente a partir deste canal que Luisa lançou uma primeira mensagem com o objectivo de encontrar Inês, contando ainda com a ajuda do jornal galego Val Miñor, sedeado na cidade de Baiona, que, por sua vez, entrou em contacto com o PÚBLICO. No página do projecto no Facebook há imagens de Luisa com o filho no momento em que seguiam na canoa e que viram a garrafa e foram feitos vários apelos para encontrar Inês.

Luisa quer aproveitar a ideia da garrafa de Inês para, quem sabe, dar início a um projecto educativo com centros daquele país e também de Portugal. Por agora, espera mais novidades para poder reconstituir a viagem da garrafa, mas diz que fez cálculos e que, sobretudo tendo em consideração que a menina faz vela e que pode ter lançado o objecto de vários pontos, “é totalmente possível que esta mensagem tenha chegado a partir de Lisboa, percorrendo dez quilómetros por dia arrastada pelas correntes do Atlântico”.

Outras garrafas que chegaram a bom porto
O caso na garrafa de Inês não é inédito. Por exemplo, em 2011, uma mensagem numa garrafa de um rapaz de Nova Iorque foi encontrada nos Açores, ao fim de oito meses de viagem e de mais de 4000 quilómetros pelo Atlântico. Curtis Kipple, na altura com 10 anos e a viver em Brockport, escreveu uma carta que lançou ao mar ao largo da Carolina do Norte, dentro de uma garrafa verde, encontrada meses depois por Ana Ponte, uma açoriana na altura com 25 anos que escreveu um e-mail para a escola do menino.

Já no início de 2014, um casal holandês fez saber que, antes do Natal, encontrou uma mensagem numa garrafa, mas que tinha sido escrita por uma menina inglesa há 23 anos, durante uma viagem com os pais entre Inglaterra e a Bélgica. Neste caso, a carta tinha um endereço e o casal tentou a sua sorte. Na casa ainda viviam os pais de Zoe – agora com 33 anos e já com um filho de cinco.

No entanto, em termos de antiguidade a distinção do Guinness vai para uma garrafa com uma mensagem com quase 98 anos, descoberta em 2012 por um pescador escocês. A garrafa tinha o número 646B e foi lançada para o mar a 10 de Junho de 1914 por um capitão da Escola de Navegação de Glasgow, que fez o mesmo com mais 1890 garrafas com propósitos científicos: queria mapear o lugar onde viriam a ser recuperadas para traçar as correntes submarinas da Escócia. Este recorde está, contudo, a ser reavaliado, depois de já em 2014 uma garrafa que se estima ter uma mensagem de 101 anos ter sido encontrada por um pescador alemão e de uma outra com 107 anos ter sido resgatada no Canadá.

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