Conjunto de militantes pede a Seguro suspensão das eleições distritais em Coimbra

Eleição estão marcadas para 6 de Setembro, mas a polémica já chegou ao Largo do Rato.

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Um conjunto de militantes do PS pediu esta quinta-feira ao secretário-geral daquele partido, António José Seguro, numa conferência de imprensa em Coimbra, a suspensão das eleições para a Federação de Coimbra devido à "desconfiança" de que os cadernos eleitorais estejam "viciados".

Os militantes pedem a "suspensão imediata das eleições na federação", que estão marcadas para 6 de Setembro, a "nomeação de uma comissão administrativa" e a "refiliação de todos os verdadeiros militantes", numa carta dirigida ao secretário-geral do PS, apresentada esta quinta-feira numa conferência de imprensa na sede da federação de Coimbra, onde estiveram presentes, entre outros, um dos fundadores do PS, António Campos, e a antiga deputada Teresa Portugal.

A desconfiança surge depois de a antiga coordenadora da secção do PS da Sé Nova, Cristina Martins, ter denunciado à comunicação social e levado o caso de falsos militantes ao Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra (DIAP) - de momento em investigação.

Cristina Martins recebeu na terça-feira ordem de expulsão do partido (da qual pretende recorrer), considerando que essa decisão do PS tem como objectivo "impedir que possa apresentar uma providência cautelar" contra as eleições distritais, visto ter esgotado "todos os meios internos" relativos à denúncia de alegadas irregularidades nas inscrições de militantes.

Ao ser expulsa, deixa de "estar vinculada às vias internas" que usou, havendo "mais possibilidades de a providência cautelar ser aceite" caso se mantivesse como militante do PS, aclarou, durante a conferência de imprensa realizada esta manhã onde também esteve presente.

Em causa, estão inscrições de militantes em 2011 com "moradas que não existem", "moradas erradas" e "duplas filiações", entre outros casos, referiu Cristina Martins, mostrando na conferência de imprensa as fichas de cerca de 50 militantes assinadas por Pedro Coimbra, como vice-presidente da federação, "quando não existia esse cargo", e como proponentes Pedro Coimbra, que é actualmente o presidente da distrital, e por Rui Duarte, presidente da concelhia do PS.

A também antiga responsável pela entrada de novos militantes na federação de Coimbra disse que alertou o secretário-geral António José Seguro, apresentou queixa à Comissão de Jurisdição Federativa e à Comissão Nacional de Jurisdição (CNJ) e entregou cópias das fichas de inscrição alegadamente falsas a dirigentes do PS e ao presidente da CNJ, Ramos Preto.

"Nunca obtive uma resposta", contou, referindo que a 21 de Fevereiro de 2014 recebeu uma carta de expulsão da federação, devido às declarações que fez à comunicação social no início do ano, tendo agora recebido a confirmação por parte da CNJ.

Cristina Martins recordou que no dia "em que se abre o PS aos simpatizantes, expulsa-se uma militante que denuncia uma fraude".

António Campos, antigo deputado e secretário de Estado, afirmou que os "princípios fundamentais da ética, da liberdade e do funcionamento normal da democracia estão em causa" com este processo.

Cristina Martins, "em troca de tentar pôr os cadernos eleitorais em ordem, levou um processo disciplinar e uma expulsão", criticou.

Teresa Portugal, antiga deputada e ex-vereadora da Câmara de Coimbra, sublinhou ainda que "ninguém pode votar sabendo que ao votar está a ser conivente com esta situação".

Pedro Coimbra, contactado pela agência Lusa, afirmou tratar-se "de assuntos" que desconhece e que não lhe dizem "minimamente respeito enquanto presidente da Federação".

O dirigente socialista afirmou ainda estar "apenas preocupado em ajudar a que o PS seja alternativa a este Governo de direita a bem de Portugal e dos portugueses".

Rui Duarte, presidente da concelhia do PS, não quis comentar por considerar ser um assunto "do foro jurisdicional: à política o que é da política. À jurisdição o que é da jurisdição".

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