Forças ucranianas têm quase concluído bloqueio às cidades rebeldes

Exército toma posição perto de Donetsk, mas ataque não parece iminente. Hollande e Merkel apelam a Putin para pressionar separatistas a "negociarem efectivamente".

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Soldado ucraniano perto de Donetsk DOMINIQUE FAGET/AFP

Forças militares ucranianas estavam, nesta quinta-feira, a tomar posição a cerca de 20 quilómetros a sul de Donetsk, mas um ataque contra os separatistas pró-russos não parecia iminente, segundo a AFP. Um conselheiro governamental disse que a reocupação das duas praças-fortes dos rebeldes no Leste, Donetsk e Lugansk, poderá demorar.

Depois de há dias terem tomado Slaviansk, os militares do Governo de Kiev procuram agora cercar Donetsk e Lugansk, cidades de um milhão e meio milhão de habitantes, respectivamente, onde os pró-russos ocuparam edifícios administrativos e tomaram posições nos acessos.

Uma coluna de tanques, carros blindados e camiões, com uma extensão de quilómetro e meio, proveniente de Mariupol, cidade que fica a 110km de Donetsk, chegou na quarta-feira perto de Donetsk, tendo-se depois dispersado por vários locais, disseram à agência soldados ucranianos. Escavadoras abriam também trincheiras, perto da cidade de Olenivka.

Um alto responsável citado pela agência noticiosa disse que não haverá “qualquer bombardeamento aéreo, qualquer bombardeamento de artilharia” contra Donetsk ou Lugansk. Afirmou também que “o bloqueio das cidades está prestes a ser concluído” e que reocupação “poderá ocorrer no espaço de um mês”.

Em declarações à televisão Ukraina, na quarta-feira à noite, Stanislav Retchinskii, conselheiro do ministro do Interior, disse, porém, que dentro de dois ou três dias começará uma nova etapa da “operação antiterrorismo” e que estão a ser preparadas “surpresas” para os pró-russos.

Esta quinta-feira de manhã a situação parecia calma nas zonas onde têm ocorrido maiores confrontos. As autoridades ucranianas informaram da morte de três soldados, dois vitimados pelo rebentamento de uma mina na região de Donetsk, e um terceiro atingido numa emboscada a um camião militar, na região de Lugansk. Entre a manhã de quarta-feira e a de quinta-feira foram também feridos 27. O número de soldados mortos desde o início dos combates, em Abril, ultrapassa os 200.

O Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e outros dirigentes disseram ter ordenado que as operações contra os separatistas sejam feitas de modo a não causar perdas entre a população civil, mas testemunhos recolhidos em Lugansk indicam que essa prática nem sempre estará a ser seguida.

O Presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, apelaram entretanto conjuntamente ao Presidente russo, Vladimir Putin, para pressionar os separatistas ucranianos a "negociarem efectivamente" e insistiram na necessidade de um cessar-fogo. O apelo foi feito numa conversa a três, em que também foi pedido a Putin que tome "medidas concretas para assegurar o controlo da fronteira russo-ucraniana" e evitar a entrada de armamento e combatentes no país vizinho. O comunicado desta quinta-feira do Palácio do Eliseu em que a informação foi divulgada indica que uma "conversa telefónica a quatro", com Poroshenko, "será organizada proximamente".

A Rússia nega as acusações ocidentais de apoiar os rebeldes que, em Abril, se revoltaram contra a autoridade do Governo de Kiev e condenou a intenção da UE de alargar as sanções motivadas pela crise ucraniana. "É um acto hostil que não pode deixar de reflectir-se sobre o nosso relacionamento em geral com a UE", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Alexander Lukashevich.

Na quarta-feira, um diplomata europeu citado pela Reuters disse que a UE decidiu acrescentar 11 nomes à lista de visados pelas sanções – congelamento de bens e proibição de viajar para o espaço europeu – com efeitos a partir do próximo sábado. A mesma fonte disse que a lista é composta essencialmente por separatistas ucranianos, mas pode incluir também "um ou dois russos".


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