Novo ministro da Defesa da Ucrânia promete "parada da vitória" na Crimeia

Merkel e Hollande pediram a Putin para levar separatistas a "um acordo com as autoridades ucranianas”. Presidente russo manifestou preocupação com "crescente número de vítimas civis" e com a vaga de mais de 110 mil refugiados que já entraram no seu país.

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Valerii Heletei, quando falava aos deputados YURIY KIRNICHNY/AFP

O novo ministro da Ucrânia entrou em funções com uma promessa que entusiasmou os deputados: a de vir a realizar uma “parada de vitória” na Crimeia, anexada em Maio como mais uma república autónoma pela Rússia.

“Acreditem em mim, haverá uma parada de vitória – haverá com certeza – numa Sebastopol ucraniana”, disse Valerii  Heletei, aplaudido pelos parlamentares, que, esta quinta-feira, aprovaram a sua nomeação.

O estatuto de Sebastopol, tradicional base da frota russa do Mar Negro, já era objecto de disputa entre os dois países mesmo antes da anexação da Crimeia.

Antigo chefe da polícia, responsável pela protecção de personalidades públicas, o novo ministro terá como missão reformar as forças armadas ucranianas, disse o Presidente, Petro Poroshenko. “O nosso Exército precisa de um chefe que, com resolução e tenacidade, faça reformas urgentes […], reformas que nos permitirão criar um tal Exército que ninguém terá a ideia de pensar numa agressão contra o nosso Estado”, afirmou.

A nomeação do ministro foi seguida da entrada em funções de um novo chefe de Estado Maior – o general Viktor Muzhenko.

As mudanças na liderança militar acontecem numa altura em que prosseguia a ofensiva das forças armadas ucranianas contra os separatistas pró-russos no Leste da Ucrânia. Na prática, fica adiado um eventual regresso a um cessar-fogo precário, e repetidamente violado, que vigorou até ao início da semana.

As autoridades de Kiev entendem que uma nova trégua deve ser bilateral e não unilateral como a anterior – apesar de, mais tarde, os pró-russos terem anunciado a adesão ao cessar-fogo. Os separaristas das regiões de Donetsk e Lugansk declaram-se, pelo seu lado, dispostos a negociações indirectas, com a participação da Rússia.

No plano diplomático, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, François Hollande, pediram esta quinta-feira ao Presidente russo, Vladimir Putin, para “intervir junto dos separatistas para os levar a negociar e a chegar a um acordo com as autoridades ucranianas”.

Nessa conversa, Putin manifestou, segundo o Kremlin, “grande preocupação pelo crescente número de vítimas entre a população civil e pelo acentuado aumento do [número] de refugiados” que estão a entrar na Rússia a partir do sudeste da Ucrânia. O número foi calculado em pelo menos 110 mil pessoas, segundo as Nações Unidas. Os deslocados internos ultrapassam os 54 mil.

No terreno, rebeldes de Lugansk acusaram forças governamentais de terem bombardeado com meios aéreos uma aldeia da região, matando nove pessoas e ferindo 11 – outras informações referem 12 mortes.

Para além dos combates entre militares governamentais e militantes pró-russos, segundo a AFP grupos separatistas confrontam-se entre si e homens armados continuam a circular livremente. A agência noticiou que três polícias de trânsito foram mortos a tiro em Donetsk, esta quinta-feira de manhã. Outro foi ferido num tiroteio por motivos não apurados de imediato.

Desde que, em Abril, começaram os confrontos no Leste da Ucrânia, pelo menos 250 civis foram mortos, segundo informações das autoridades ucranianas e dos rebeldes. O Exército indica que perdeu 200 soldados e os separatistas que morreram 800 dos seus membros.

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