MP abre inquérito a insultos e tentativa de agressão a António Costa
Presidente do PS, Maria de Belém, participou à Procuradoria-Geral da República. Costa será notificado pelo Ministério Público para apresentar queixa se quiser, já que os crimes não são de natureza pública. Se não apresentar queixa, processo será arquivado.
O Ministério Público (MP) abriu um inquérito aos incidentes que marcaram a saída de António Costa, no domingo passado, da Comissão Nacional do PS, em Ermesinde, garantiu ao PÚBLICO fonte da Procuradoria-Geral da República.
Segundo a mesma fonte, o inquérito, que foi remetido para o MP de Valongo, por ser o territorialmente competente, decorre de uma participação apresentada pela presidente do PS, Maria de Belém. No domingo, o presidente da Câmara de Lisboa que está na corrida à liderança do partido contra o actual secretário-geral, António José Seguro, saiu da reunião num ambiente muito tenso e de grande confusão.
António Costa ainda recebeu algumas palmas, assim como Seguro, mas depois algumas pessoas que o esperavam iniciaram um coro de protestos que passou, aliás, nas várias televisões. O autarca foi alvo de insultos e mesmo de tentativa de agressão. Entre a confusão, o socialista foi apelidado de “borra-botas” e “traidor”. Algumas pessoas chegaram mesmo a clamar “vai-te embora”.
Por outro lado, a maioria das pessoas que esperava a porta aplaudia António José Seguro quando este saiu da reunião da Comissão Nacional.
Maria de Belém já havia garantido ter apresentado no dia seguinte a participação daqueles factos ao MP. Porém, fonte do MP lembrou que os crimes eventualmente em causa, injúrias, agressão ou ofensas à integridade física, na forma tentada, dependem de queixa do próprio visado.
O MP irá agora contactar António Costa no sentido de apurar se pretende, então, enquanto ofendido apresentar queixa do sucedido. Caso não queira, o processo será de imediato arquivado. Não seria assim se em causa estivessem crimes de natureza pública e que não dependem da apresentação de queixa pelos ofendidos.
Também Seguro condenou os insultos e o ataque de que foi vítima António Costa mas, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO junto da direcção do partido, não haverá nenhuma averiguação ou acção dos órgãos nacionais e a tarefa de investigar o que se passou cabe à concelhia do PS de Valongo.
"O PS está atento a situações que todos nós lamentamos e todos nós condenamos, que ocorreram ontem [domingo] em Ermesinde, e que têm ocorrido, infelizmente, noutras zonas do nosso país e em diferentes ocasiões. Portanto, [o partido] tem os órgãos próprios e tudo isso será devidamente esclarecido. Estou convencido de que a maioria dos socialistas saberá interpretar as minhas palavras”, disse então Seguro.
Nessa reunião, a Comissão Nacional do PS rejeitou debater a sua proposta de realização de um congresso extraordinário, antecipado de eleição de secretário-geral (directas). Apesar de rejeitada na reunião plenária de direcção a sua realização continua a ser pedida por algumas federações distritais.