O cozinheiro e apresentador de televisão espanhol Darío Barrio morreu nesta sexta-feira quando participava no XV Festival Internacional do Ar (FIA) El Yelmo, em Segura de la Sierra, na província de Jaén.

O acidente fatal ocorreu quando o cozinheiro, de 42 anos, praticava base jumping, modalidade de pára-quedismo que consiste em saltar de um objecto fixo a baixas altitudes, em vez de uma aeronave em pleno voo. Segundo o jornal El Mundo, o acidente ocorreu às 21h (20h em Lisboa), quando Barrio chocou contra a encosta do Castelo de Segura de la Serra.

Juntamente com os amigos Armando del Rey, Snati Corella e Dani Román, Barrio saltou de um paramotor (espécie de parapente unido a um motociclo com três rodas e um hélice), que serve de "táxi" para o praticante, segundo explica o coordenador do FIA, Ramón López. Neste caso, o paramotor levou Barrio até aos 800-1000 metros de altitude (o castelo atinge os 1200 metros de altura) e posicionou-se de forma a permitir o salto do cozinheiro, que tinha vestido um macacão com "asas" (wingsuit).

Barrio tinha um pára-quedas, que segundo o responsável do festival terá funcionado, embora talvez demasiado tarde. "A trajectória [do voo] não foi a correcta. Tinha que ter passado sobre o castelo e chocou contra a encosta. Pode ter sido um erro de cálculo, ou pode ter sido uma mudança do vento a afectar a trajectória", comentou Ramón López, explicando que quando a equipa de socorro chegou junto ao corpo, que caiu nas imediações do Castelo de Segura de la Serra, o pára-quedas estava aberto.

O salto acrobático era uma homenagem ao seu amigo Álvaro Bultó, o empresário espanhol de 51 anos que morreu nos Alpes suíços no ano passado num exercício semelhante, designado wingfly. Este é um desporto de alto risco, muitas vezes fatal. O praticante “voa” a uma velocidade aproximada de 200 quilómetros por hora, até abrir um pára-quedas que reduz o impacto da queda. Mas o pára-quedas precisa de um tempo para abrir, que varia em função do salto, e não se sabe se Barrio teve esse tempo.

Darío Barrio era proprietário do restaurante Dassa Bassa, situado no bairro de Salamanca, em Madrid, desde 2004. Apresentou programas de culinária como Todos contra el chef e Dario Dario, emitidos no canal Cuatro, e mais recentemente os programadas Bombón e Darío e Cía, no Canal Cocina.

Barrio tinha dois filhos, de sete e cinco anos. Praticava base jumping desde 1995 e gostava particularmente de actividades radicais, como asa delta e mergulho. "Sempre lhe dissemos que tinha de parar mas ele respondia que precisava desta adrenalina brutal quando saía da cozinha, tinha consciência do perigo, dizia que o risco era a beleza deste desporto", recorda uma amiga do cozinheiro citada pelo El Mundo.

Na competição acrobática que foi fatal para Barrio participavam 13 dos melhores pilotos de parapente do mundo, que se lançaram da torre de menagem do castelo. Testemunhas ouvidas pelo El País contaram que o vento estava forte e que o salto era desaconselhável naquela zona do parque natural de Cazorla, Segura e Las Villas.

A organização do festival — o segundo evento de queda livre mais importante da Europa — emitiu um comunicado a lamentar o acidente. "Darío Barrio, além de uma pessoa extraordinária, era um praticante experiente, que já tinha participado noutras edições do Festival Internacional do Ar, nesta modalidade", lê-se na nota publicada no site. O conhecido cozinheiro, que já tinha participado em cinco edições do FIA, foi a segunda vítima mortal neste festival que se realiza desde 1999. A primeira foi um saltador grego que morreu quando praticava parapente, em 2008, mas ainda antes do início do festival.

Apesar do acidente, o evento que acolhe mais de 15 mil pessoas continua até domingo.