João Pereira Coutinho

É meu fado ler primeiro os livros em inglês ou francês e, caso sejam bons, desejar – confesso que cada vez mais vagamente, à medida que ganho juízo – que sejam bem traduzidos para português, para bem de quem prefira ler em português.

Pois hoje li, pela primeira vez, um livro, escrito em português, por um escritor português, publicado simultaneamente no Brasil e em Portugal, que gostaria, nada vagamente, sem qualquer espécie de vagar ou imprecisão, que fosse traduzido o mais depressa possível para inglês, francês, alemão, japonês e hebraico.

Em Portugal, o livro, belissimamente publicado pela Dom Quixote (capa dura, encadernado à antiga, com capa inteligente e sensível de Joana Tordo), chama-se Conservadorismo. O autor é o meu querido e sábio amigo João Pereira Coutinho (J.P.C.), que escreve com a alma mergulhada dentro do cérebro, com o movimento de um golfinho entre um cardume de sardinhas.

No Brasil, o livro chama-se As Ideias Conservadoras. Parabéns e abraços são devidos aos sempre iluminados editores da Folha de S. Paulo, onde o J.P.C. escreve, por terem tido a abertura de espírito de entusiasmá-lo a explicar o que é ser-se conservador hoje em dia. Sendo "hoje em dia" a melhor súmula do conservadorismo que pode haver.

É um livro magnífico, "Oakeshottiano" après la lettre, que demonstra, definitivamente, que ser-se conservador nem sequer é o contrário de ser reaccionário. É apenas uma maneira desconfiada de encarar a vida.

Nessa partilha está a nossa honra e a nossa pertença.

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