Grupo Indaver é um dos candidatos à privatização da EGF

Grupo belga, com maioria de capital holandês, quer expandir actividade em Portugal, onde já está na área dos resíduos químicos e farmacêuticos.

O grupo belga Indaver quer comprar a EGF, empresa da Águas de Portugal que gere a recolha e o tratamento do lixo da maioria da população portuguesa e cuja privatização está suspensa devido a uma providência cautelar apresentada pelos municípios accionistas do sistema multimunicipal Resulima.

“Ainda que a nossa imagem não esteja associada a este negócio [resíduos sólidos urbanos] em Portugal, para nós é perfeitamente natural apresentar a proposta porque é o que fazemos lá fora há vários anos”, disse ao PÚBLICO a directora-geral da Indaver Portugal, Sandra Freitas.

A responsável explicou que a Indaver, que na semana passada entregou à Parpública uma proposta indicativa pela compra da EGF (num total de sete apresentadas), é “líder do mercado português no nicho dos resíduos industriais”, mas tem uma larga experiência nos mercados belga, holandês e irlandês na área dos resíduos sólidos urbanos. O interesse na EGF é, por isso, “algo que está em linha com a estratégia do grupo”, salientou.

Em Portugal, as actividades da empresa são orientadas para o sector privado, mas Sandra Freitas destaca que o grupo tem “larga experiência e provas dadas em contratos de longo prazo com municípios no norte da Europa”. “Se o negócio [da EGF] se concretizar, esperamos uma cooperação muito positiva com os municípios, porque esse foi um desafio pelo qual já passámos há anos noutros países e no qual fomos bem-sucedidos”, acrescentou.

A Indaver está em Portugal há 11 anos e emprega 11 pessoas. A empresa registou um volume de negócios de dois milhões de euros no ano passado e tem entre os principais activos uma estação de transferência em Abrantes, onde são armazenados os resíduos perigosos e não perigosos antes de serem transportados para instalações de tratamento do grupo no estrangeiro.

Sandra Freitas entende que “o aproveitamento de energia e de materiais é um salto qualitativo que o país tem de dar” e, nesse sentido, defende que a Indaver pode “ajudar Portugal a cumprir as metas ambientais” previstas no novo plano estratégico (PERSU 2020), capitalizando a experiência acumulada nos mercados belga e holandês “que passaram por processos semelhantes há 15, 20 anos”. “Aquilo que fazemos bem é operar instalações, instalar a tecnologia mais avançada e optimizar processos com vista a um máximo de valorização energética e de materiais”, disse a directora-geral da Indaver.

A responsável explicou que a proposta entregue à Parpública na semana passada é individual, mas admitiu que a empresa “não fecha a porta” à entrada de um parceiro financeiro se passar à fase seguinte. “Como grupo, temos capacidade financeira necessária para o fazer sozinhos, mas não excluímos essa possibilidade no futuro”, adiantou. A Indaver (que também tem actividades no Reino Unido, Alemanha e Itália) é detida em 75% pela Delta, grupo holandês que fornece serviços de abastecimento de electricidade, gás e água, depuração de águas e tratamento de resíduos, painéis solares e serviços de televisão e telecomunicações. Segundo disse ao PÚBLICO o porta-voz do grupo, em 2013 a Indaver geriu um total de cinco milhões de toneladas de resíduos em todo o mundo, gerando receitas operacionais de 526 milhões de euros.

Além da Indaver, apresentaram propostas indicativas por 100% do capital da EGF o Beijing Capital, fundo do Governo de Pequim, os agrupamentos constituídos pela Odebrecht/Solví e pela EGEO/Antin, as empresas portuguesas DST e Suma (da Mota Engil) e, como foi noticiado pelo Diário Económico, a espanhola FCC.

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