Bom desempenho do turismo não é sol de pouca dura

Operadores do sector e Governo acreditam que o aumento de hóspedes e receitas em 2013 poderá ser reforçado este ano.

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Mercado interno consolidou sinais de retoma no primeiro trimestre deste ano Ricardo Silva/Arquivo

Governo e operadores do sector do turismo são unânimes: o recorde de 9249,6 milhões de euros de receitas turísticas obtidas em 2013 - mais 7,5% face ao ano anterior – não é fruto da conjuntura ou do acaso.

A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) garante que os resultados são sustentáveis e, não só se irão manter este ano, como podem vir a ser reforçados. Francisco Calheiros, presidente do organismo com assento na concertação social, acredita que há “todas as condições” para que este seja o cenário futuro. “O crescimento do sector é fruto, sobretudo, do empenho dos nossos empresários que conseguiram nas últimas décadas construir uma oferta diversificada e capaz de responder às novas tendências do turismo mundial”, diz. Foi o “esforço concertado” dos operadores que manteve à tona de água as empresas e a oferta turística, em anos de dura crise e de “carga fiscal excessiva”, continua.

As dormidas nas unidades hoteleiras cresceram 5,5%, para um total de 41.732 milhões em 2013 graças aos turistas estrangeiros (as estadias de portugueses caíram 0,9%) e também o Ministério da Economia acredita que este movimento não é temporário. Os dados mais recentes divulgados pelo INE, relativos ao primeiro trimestre deste ano, já demonstram “um bom crescimento do número de hóspedes, dormidas e proveitos”, diz fonte oficial. Entre Janeiro e Março, as dormidas aumentaram 4,2%, com o mercado interno a consolidar os sinais de retoma. Os turistas portugueses registaram um acréscimo de 1,8% nas estadias na hotelaria.

“Temos um sector que tem trabalhado nesse sentido: as empresas são resilientes e dinâmicas e têm sabido adaptar a sua oferta à procura existente, as autarquias reconhecem o impacto económico do turismo (…) e temos uma nova forma de promover Portugal, mais ágil, mais eficaz e mais actual, que tem permitido que o destino seja premiado e destacado internacionalmente por diversas e repetidas vezes”, refere a mesma fonte da tutela liderada por Pires de Lima.

Na décima avaliação do programa de assistência o Fundo Monetário Internacional alertava para o facto de o crescimento das exportações em 2013 - também sustentado pelo sector do turismo, que representou 13,6% do total de vendas de bens e serviços para o exterior  – poder não ser sustentável. Está sujeito a “choques na procura”, dizia a instituição liderada por Christine Lagarde, pelo facto de ter saído beneficiado da crise em destinos concorrentes do Magrebe.

Para o Ministério da Economia, não é com qualidade a baixo preço que se garante a vitalidade do turismo. “Portugal compete com os melhores do mundo” e isso exige “que tenhamos um sector competitivo, um destino de enorme qualidade e uma forma eficaz de o promover”, sustenta. Também a CTP defende que, para posicionar o país como destino de primeira escolha, é preciso “apostar numa oferta segmentada, de qualidade e devidamente promovida no estrangeiro”.

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