Nova estirpe da gripe das aves encontrada em pinguins na Antárctida

A estirpe H11N2 foi encontrada em pinguins-de-adélia. Apesar de a estirpe não parecer perigosa, mostra que o vírus da gripe consegue sobreviver naquele ambiente frio.

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Nos pinguins-de-adélia, a nova estirpe de vírus da gripe das aves não causa doença Pauline Askin/Reuters (arquivo)

Uma equipa de cientistas descobriu uma nova estirpe do vírus da gripe das aves na Antárctida, depois de fazer análises a pinguins-de-adélia, revela um artigo publicado nesta semana na mBio, revista de acesso livre da Sociedade Americana de Microbiologia.

“Descobrimos que o vírus é diferente de todos os outros vírus conhecidos no mundo”, disse Aeron Hurt à agência Reuters. O investigador é um dos autores do artigo e pertence ao Centro de Colaboração para a Investigação e Referência da Influenza da Organização Mundial da Saúde.

O novo vírus da gripe das aves é da estirpe H11N2, e foi descoberto em dois grupos desta espécie de pinguins, situados em dois locais diferentes na Península Antárctica, a região mais a norte do continente. No entanto, o vírus não parece causar nenhuma doença nestas aves. “É muito provável que as aves migratórias viajem para ali vindas da América do Norte e do Sul”, referiu Aeron Hurt, referindo-se à forma como o vírus pode ter chegado à Antárctida levada por outras aves.

Os investigadores fizeram esfregaços nas vias respiratórias de 301 pinguins-de-adélia e retiraram sangue a 270. Depois, utilizaram uma técnica laboratorial para encontrar a impressão digital do material genético do novo vírus da gripe. Com esta técnica, encontraram o vírus da gripe das aves em oito amostras – seis pinguins adultos e duas crias.

“Acho que esta estirpe em particular não é preocupante para a vida selvagem, mas é uma prova definitiva de que o vírus da gripe das aves chega à Antárctida”, diz o cientista.

A equipa usou furões, os mamíferos que são modelo por excelência do vírus da gripe, já que a sua infecção é semelhante à dos humanos, para averiguar se o vírus H11N2 infectava aqueles animais, mas eles não contraíram a doença. “Fizemos algumas experiências para avaliar se o vírus tem o potencial de infectar os humanos, [mas] é improvável que os humanos sejam infectados por este vírus em particular”, explicou o especialista.

Os cientistas também tentaram encontrar semelhanças genéticas entre este vírus e os outros vírus da gripe humana e de gripes animais. Surpreendentemente, apenas quatro segmentos de genes do novo vírus eram próximos de estirpes de vírus das aves das décadas de 1960 e 1980 encontrados na América do Norte. E dois genes tinham uma relação distante com um grande número de vírus da gripe das aves do Chile, da Argentina e do Brasil. A equipa calculou, através de um relógio molecular, que o vírus H11N2 está a evoluir isoladamente nos últimos 49 a 80 anos.  

Duas estirpes da gripe aviária ocorreram no Sudeste asiático nos últimos dois anos – a estirpe H7N9 e a estirpe H5N1 –, matando pessoas e aves. Em Fevereiro, a estirpe anteriormente desconhecida em humanos H10N8 causou uma morte na China. E em Abril, apareceu um surto de gripe das aves em aviários de codornizes na Califórnia, que obrigou cinco importantes mercados exportadores a barrar a importação de aves domésticas daquele estado norte-americano.

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