Ordem para destruir gravações não terá sido cumprida

Assembleias do MFA não foram registadas em actas, mas em apontamentos e algumas gravações audio de que não se conhece o paradeiro.

“O meu papel nas assembleias era estar numa secretária ao lado direito da mesa presidida por Costa Gomes e tirava apontamentos para fazer uma síntese dos assuntos importantes”, recorda o general Loureiro dos Santos, secretário das assembleias de Dezembro de 1974 ao 11 de Março der 1975: “Não se faziam actas, havia um sistema de gravação que nada tinha a ver comigo”.

“Havia uma série de gravações, o problema é onde foram parar”, corrobora o almirante Martins Guerreiro, referindo-se aos registos das assembleias do Verão Quente.

“Durante algum tempo aquilo ficou na 5.ª Divisão que, depois, foi ocupada pelos comandos”, recorda: “Também desapareceram elementos e materiais da campanha de dinamização cultural, eu só tenho apontamentos pessoais das assembleias.”

“É uma mistificação, todo esse material foi destruído, a Revolução acabou no 25 de Novembro de 1975, houve muita coisa destruída, o mesmo aconteceu nos Tribunais Plenários”, afirma por seu lado o coronel Varela Gomes.

“Um militar de Abril que estava no CEMGFA disse-me que tinha dados polémicos e importantes sobre as assembleias que admitia que fossem as gravações”, refere o coronel Vasco Lourenço.

O militar a que se referia era Germano Miquelina Simões, que foi coordenador do Movimento dos Capitães, e que confidenciou ao presidente da Associação 25 de Abril que havia uma determinação para destruir aquele material. “Ele não o fez, ficou com o legado e pediu a um amigo que o guardasse”, prossegue Vasco Lourenço.

Miquelina Simões morreu sem revelar o paradeiro das gravações. “Tentei encontrá-las, perdi-lhes o rasto, mas quero crer que não estão destruídas”, admite Vasco Lourenço.

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