Borgman é um sem-abrigo que chega a uma área residencial da classe média e toca à campainha de uma das casas. Pouco a pouco, ganha poder sobre a família que o acolheu, depois de ter pedido para tomar banho... É o início de uma série de eventos, diz a sinopse... e não se diz mais ao leitor, porque, tal como o espectador do filme, sabe exactamente o que vai a seguir acontecer. Percebe logo que será obrigado a ouvir o que Alex van Warmerdam lhe quer dizer, com ares de grande senhor: que é um iconoclasta. É essa a motivação que funda o cerimonial de cenas e situações de Borgman - O Mal-Intencionado. Pequena anedota: no início de Cannes 2013, um jornalista holandês perguntou a Steven Spielberg, presidente do júri, se tinha ouvido falar do seu compatrsota Alex van Warmerdam. Era pergunta carregada de intenção: dirigia-se a um americano que inventou o blockbuster, com o ar de querer expor uma qualquer impostura - se Spielberg não conhecia Alex van Warme¬dam como poderia julgar um filme de Alex van Warmerdam? Spielberg respondeu bem a esse jornalista que parecia ter a missão justiceira da personagem Borgman: “Tornamo-nos familiares [com o trabalho de um realizador] se o filme nos levar a ter consciência da existência desse realizador.” Estará Alex van Warmerdam familiarizado com o cinema de Michael Haneke? Ou, mais difícil ainda, terá visto Teorema, de Pasolini?
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