Procurador acusa Oscar Pistorius de inventar em tribunal

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Procurador Gerrie Nel questiona versão de Oscar Pistorius AFP/POOL/Antoine de Ras

O procurador Gerrie Nel, que sustenta a acusação de homicídio contra Oscar Pistorius, acusou o campeão paralímpico sul-africano de estar a inventar uma versão “mais conveniente” dos factos referentes à madrugada em que atingiu mortalmente a tiro a sua namorada Reeva Steenkamp.

“A sua versão dos acontecimentos não corresponde à verdade”, afirmou o procurador, que no quarto dia de contra-interrogatório ao atleta apontou uma série de contradições e inconsistências no seu relato dos momentos anteriores aos disparos que provocaram a morte de Steenkamp. “Você ajusta o seu testemunho conforme lhe é mais conveniente”, atacou. Mas o atleta lembrou que fora entrevistado em estado de choque e sob efeito de medicação depois dos acontecimentos.

Pistorius nega ter tido qualquer intenção de matar a namorada, e insiste que se tratou de um trágico acidente: convencido de que havia um intruso no seu quarto-de-banho, disparou contra a porta, sem saber que era Reeva que estava trancada naquela divisão. “A minha defesa é que ouvi um barulho, e sem tempo para pensar, atirei por medo”, justificou, entre lágrimas. “Não disparei contra Reeva”, assegurou, visivelmente perturbado (como noutros dias, a audiência foi interrompida por duas vezes para o atleta se recompor).

A tese de Gerrie Nel é de que Oscar Pistorius e a namorada tiveram uma discussão e que a versão do acidente é “uma mentira”. “O que eu digo é que ela queria ir-se embora. Vocês não estavam a dormir, estavam os dois acordados”, contrariou o procurador, que a imprensa sul-africana designa como pit bull por causa do seu estilo combativo e agressivo.

Esmiuçando a versão do arguido, Gerrie Nel tentou lançar dúvidas sobre a razoabilidade da versão apresentada por Pistorius, que classificou como pouco plausível e até inverosímil. “Se Reeva estava na cama consigo, não teria ela ouvido o mesmo barulho?”, questionou.

Nel considerou “muito improvável” que se o atleta suspeitasse que alguém tivesse entrado pela janela, não tivesse perguntado à namorada se ela ouvira algum ruído suspeito. Segundo Pistorius, a namorada não teria dito nada por “estar com medo” – em anteriores sessões, a acusação já tinha explorado a tese de que Reeva Steenkamp tinha medo de Pistorius.

Nel também quis saber exactamente o que Pistorius disse ao alegado intruso antes de disparar contra a porta. O atleta explicou que recorreu ao vernáculo para gritar algo semelhante a “saia já da minha casa”.

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