O rinoceronte, o Adamastor e o Infante D. Henrique recebem visitantes no Porto a partir de Abril

World of Discoveries, o museu interactivo e parque temático que o empresário Mário Ferreira vai abrir no centro histórico da cidade, está quase pronto.

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Mário Ferreira passa por baixo de andaimes, contorna maquinaria pesada, tem cuidado para não tropeçar em cabos e fios e não pára nunca de apontar e explicar o que vai ficar instalado em cada um dos cantos do seu futuro museu/parque temático dedicado aos Descobrimentos, que deverá abrir ao público em Abril, em Miragaia, no Porto. As paredes ainda brancas que rodeiam o empresário vão encher-se de cor e o Adamastor, que já está semi-instalado no edifício, com a boca escancarada, vai receber a companhia de animais exóticos, figuras mecânicas e, claro, do Infante D. Henrique.

Ele vai andar por ali sob duas formas. É um holograma do Infante que dará as boas-vindas a quem chegar ao World of Discoveries e haverá também um robot “hiper realista” da figura histórica, que está a ser construído em Inglaterra, que fará uma introdução ao museu e ao percurso temático, feito sobre água, a bordo de um barco que vai percorrendo os diferentes cenários dos Descobrimentos portugueses – partindo do Porto, com passagem por Lisboa, os visitantes vão passar pelo Norte de África e pela conquista de Ceuta, pelos “grandes monstros”, pelo Cabo das Tormentas – e é aqui que estará o Adamastor, como porta de entrada para um túnel com dez metros que irá provocar nos passageiros a sensação de estarem a ser engolidos pelo mar –, pelas grandes florestas e rios de África, pela Índia, Timor, Macau, China, Japão e, claro, o Brasil.

O projecto de Mário Ferreira foi a resposta a um concurso público lançado pela Câmara do Porto em Julho de 2011. Na altura, o presidente da autarquia, Rui Rio, criticado pelo carácter “vago” do concurso, justificou que não poderia ser de outra forma, porque pretendia “acomodar propostas desgarradas” que tinham chegado ao município.

O empresário e proprietário da Douro Azul acabaria por ser o vencedor e chegou a acreditar que poderia abrir o seu World of Discoveries ainda em Outubro do ano passado. Agora, Abril é a data prevista, e Mário Ferreira, que já fez publicar anúncios na imprensa anunciando a abertura, garante que não haverá mais atrasos. Mesmo estando ainda à espera que a Direcção-Geral do Património Cultural aprove a instalação da rampa que irá ligar a Rua Nova da Alfândega à entrada do centro lúdico.

O acesso será feito pelo piso em que está instalado o museu interactivo e o percurso temático, ficando o piso superior entregue ao restaurante Mundo dos Sabores e o piso inferior, com saída directa para a Rua de Miragaia, dedicado à loja com merchandising do espaço.

“Este é um conceito que não estamos a copiar de ninguém. Foi criado inteiramente por mim e pela minha equipa. Espero receber, no mínimo, entre 200 a 300 mil visitantes por ano e estou convencido que não será difícil, porque as pessoas são atraídas por um espaço que tenha qualidade e seja inovador”, diz o empresário.

E esses atributos, garante, não vão faltar no World of Discoveries, um espaço “multissensorial”, cuja parte museológica envolveu, “oito historiadores” do CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade, da Universidade do Porto, e cuja concepção levou ao Porto especialistas de vários cantos do globo. A mecanização da área temática está entregue a uma empresa francesa que trabalha com a Disney. Os cenários desta mesma área estão nas mãos de uma empresa inglesa que já trabalhou para filmes de James Bond. Já toda a área de interactividade e software foi feita por uma empresa nacional.

Representando um investimento de sete milhões de euros, comparticipado em 45% (reembolsável à taxa zero) pelos fundos comunitários, o espaço deverá dar emprego, em permanência, a “cerca de 25 pessoas”. Mário Ferreira acredita no seu sucesso e defende mesmo que o projecto poderá ser “franchisado” para o Centro e Sul do país.

E o rinoceronte? Ele está, por enquanto, nos escritórios da Douro Azul, mas há-de ser enjaulado e colocado na réplica de uma nau que constituirá a última sala do museu, antes de os visitantes serem convidados para a saltar para os barcos de faz-de-conta. É uma réplica em tamanho natural da nau que a corte de Lisboa ofereceu ao Papa Leão X, no século XVI. Noutras salas, estarão mapas e cartas, instrumentos de navegação e um globo 4D muito especial – os visitantes podem carregar em diferentes anos relacionados com os Descobrimentos e o globo mostra o mundo tal como se acreditava que seria à época. Para ver, à partida, em Abril.

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