Residentes no Centro estão mais satisfeitos com a vida do que no resto do país

Primeira edição do Barómetro Centro de Portugal analisa 25 indicadores para mostrar tendências e fragilidades desta zona onde vive quase um quarto da população.

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Os habitantes da zona de Aveiro são os que encontram mais razões para sorrir. Sérgio Azenha/Arquivo

Uma região “verde” no que toca ao consumo de energia, com a mais baixa taxa de abandono escolar precoce, a maior taxa de emprego do país, e onde a maioria dos habitantes está satisfeita. Estas são apenas algumas linhas do retrato da zona Centro traçado com base nos resultados do Barómetro Centro de Portugal, divulgado nesta terça-feira.

O barómetro, lançado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro, revela que 61% dos residentes (em 533 inquiridos) estão “globalmente satisfeitos” com a sua qualidade de vida. Destes, 7% estavam "muito satisfeitos". Os restantes dividem-se entre "não muito satisfeitos" (24,2%) e "nada satisfeitos" (14,6%). Os habitantes da zona de Aveiro são os que encontram mais razões para sorrir.

“Comparando estes resultados com os da última vaga disponível do Eurobarómetro, (…) os residentes na região Centro estavam menos satisfeitos do que a média dos cidadãos europeus, mas muito mais satisfeitos do que a média dos cidadãos portugueses”, lê-se neste primeiro relatório. O indicador médio de satisfação no Centro é de 2,54 e a nível nacional está nos 2,02.

O documento, disponível no site da CCDR, abrange 25 indicadores-chave que identificam tendências e “lacunas de progresso” na região, analisando os dados mais recentes, permitindo “eficácia na identificação de prioridades a assumir e trajectórias de progresso a percorrer” até 2020, com a aplicação dos fundos comunitários, diz o presidente da comissão, Pedro Saraiva, em comunicado.

O barómetro avalia o progresso alcançado em termos de crescimento, competitividade, potencial humano, qualidade de vida, coesão e sustentabilidade ambiental e energética. Com base na pontuação obtida em cada uma destas áreas é calculado um indicador global, de 1 (pior do país) a 7 (melhor), revisto semestralmente: nesta primeira edição, chegou aos 4,78.

A área do emprego é uma das que tem melhor nota. Em 2013, a região tinha a mais baixa taxa de desemprego do país (11,2%), a mais alta taxa de emprego (69,7%) e a segunda menor taxa de desemprego jovem (31,2%). Curiosamente, este capítulo é, simultaneamente, o principal motivo de satisfação e de insatisfação entre os residentes. O segundo maior motivo de satisfação é a saúde, seguido pela qualidade de vida e estabilidade, pela vida familiar e pela ausência de problemas financeiros ou dívidas. Os residentes que se mostraram insatisfeitos apontaram como razões, além do desemprego, a remuneração e reforma baixas, a crise, problemas de saúde e financeiros.

Boas notas na educação
Uma das áreas em que o Centro está bem classificado é na educação. Em 2013, os alunos do ensino básico e secundário tiveram os melhores resultados nos exames nacionais, embora apenas 22,8% da população jovem tivesse formação superior (a média nacional é de 27,2%). No ano anterior, a região teve a mais baixa taxa de abandono escolar precoce do país (18,7%).

Em 2012, a região apresentava "um posicionamento muito favorável no que respeita às suas exportações", sendo a segunda melhor do país na exportação de bens, e estava entre as 100 regiões mais inovadoras da União Europeia.

O documento analisa também os valores mais recentes sobre o consumo de energia, relativos a 2011, e conclui que mais de metade (54%) da electricidade consumida foi produzida por fontes renováveis, um valor acima da média nacional (44,1%) mas abaixo do registado no Norte (78,5%). Além disso, o peso da emissão de gases com efeitos de estufa no valor acrescentado bruto (diferença entre os custos de produção e as receitas das vendas) tem vindo a diminuir na região, reforçando a tendência para a opção por energia mais “verde”.

Mas nem tudo é positivo. A região tem ainda debilidades, por exemplo, ao nível da produtividade e da capacidade de gerar riqueza. Em 2011, o Centro foi mesmo a região portuguesa com a mais baixa produtividade no trabalho, um lugar que ocupa desde 1995. Em 2012, foi a segunda pior no PIB (produto interno bruto) por habitante, no crescimento do PIB e na variação da população.


 

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