David Trueba foi o grande vencedor dos Goya numa noite de protestos

A cerimónia dos Prémios Goya teve como protagonistas os filmes Vivir es Fácil com los Ojos Cerrados e Las Brujas de Zugarramurdi.

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Os vencedores da 28.ª edição dos Goya. REUTERS/Javier Barbancho
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O presidente da Academia de Cinema Espanhola, Enrique Gonzalez Macho, tira uma fotografia entre os vencedores. REUTERS/Javier Barbancho
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David Trueba, o realizador de "Vivir con los ojos cerrados". REUTERS/Javier Barbancho
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O Goya de honra foi para o realizador Jaime de Arminan. REUTERS/Sergio Perez
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O apresentador da cerimónia foi Manuel Fuentes. REUTERS/Sergio Perez
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O actor Javier Bardem. REUTERS/Javier Barbancho
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A equipa de "Azul y no Tan Rosa". AFP PHOTO / Pedro ARMESTRE

Espanha, 1966: um professor sonhador de Albacete ensina inglês aos seus alunos recorrendo a canções dos Beatles. Ao saber que o seu ídolo, John Lennon, viria rodar um filme em Almeria num momento em que quer ter uma carreira como actor, o professor decide fazer-se à estrada para o conhecer. Eis que se cruza com dois jovens: uma rapariga que fugiu da repressão da família e da sociedade em que vive e, um rapaz que num acto de rebeldia e de confronto com o pai foge também de casa. Lennon vai funcionar como uma inspiração e um símbolo para os três, nos locais onde compôs a música Strawberry Fields Forever.

Esta é a história de Vivir es Fácil com los Ojos Cerrados, um filme que o El País define como “uma comédia melancólica, feliz e triste” e que arrecadou o prémio da noite na cerimónia dos Prémios Goya -  os mais importantes do cinema espanhol – o prémio de melhor filme. Realizado por David Trueba, Vivir es Fácil com los Ojos Cerrados é inspirado na história de um professor de 89 anos, que acompanhou o cineasta este domingo à gala dos prémios de cinema espanhol.

Além de melhor filme, Vivir es Fácil com los Ojos Cerrados ganhou mais 5 galardões: melhor realizador e argumento original, ambos para David Trueba; melhor actor para Javier Cámara, que é quem dá vida ao professor; actriz revelação, entregue a Natalia de Molina; e por fim, música original, para Pat Metheny. O filme de David Trueba venceu então seis prémios, entre as sete categorias para as quais estava nomeado.

O filme que mais estatuetas arrecadou foi Las Brujas de Zugarramurd, a adaptação aos tempos modernos de Álex de la Iglesia dos cultos e bruxarias do tempo do rei Felipe III. Oito distinções em dez categorias, entre as quais a de melhor actriz secundária, para Terele Pávez e, direcção artística para Arturo García e José Luis Arrizabalaga.

La Herida valeu o prémio de realizador revelação a Fernando Franco e ainda de melhor actriz a Marián Álvarez. Já o Goya de actor revelação foi para Javier Pereira, com o filme Stockholm. O prémio de actor secundário foi entregue a Roberto Álamo pelo seu papel em La Gran Família Española, que arrecadou também o Goya para melhor canção original, com Do You Really Want to be in Love?, de Josh Rush.

A curta-metragem portuguesa de animação O gigante, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida estava nomeada para melhor curta-metragem de animação espanhola (porque Espanha era um dos países co-produtores), não foi a vencedora, acabando por ser derrotada pela Cuerdas, de Pedro Solís García.

Azul y no tan Rosa, o filme venezuelano de Miguel Ferrari, ganhou além do Goya para melhor filme ibero-americano, o comentário do presidente venezuelano Nicolás Maduro no seu Twitter: “É a primeira vez que um filme venezuelano obtém este prémio da Academia de Cinema de Espanha! Viva a Venezuela!”.

A lista completa dos vencedores pode ser consultada no site oficial dos prémios espanhóis.

A ausência do ministro da Educação, Cultura e Desporto, José Ignacio Wert, deu azo a que a noite fosse ainda marcada por uma manifestação de trabalhadores à porta do auditório onde se realizou a cerimónia, revela o El País. Numa altura em que Espanha se debate com a falta de apoios à produção cinematográfica, a não comparência do ministro, que alegou "problemas de agenda" irritou o sector. O ministro foi criticado por muitos actores e profissionais do cinema, que aproveitaram a ocasião para lamentar a falta de atenção do responsável pela pasta da Cultura. De acordo com o ABC, o actor Javier Bardem apelidou José Ignacio Wert de “ministro de incultura”.

Destaca-se ainda o momento em que o presidente da Academia de Cinema Espanhola discursou. Emocionado, Enrique González Macho sublinhou que fazer um filme em Espanha “é um verdadeiro acto heróico”.

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