“Plano Marshall” para a Ucrânia pede concessões aos dois lados

União Europeia e EUA estão dispostos a conceder assistência financeira mas exigem manutenção do diálogo entre a oposição e o Presidente.

Foto
Praça da Independência encheu no domingo para ouvir líderes da oposição Thomas Peter/Reuters

O líder do partido da oposição Batkivschina (Pátria), Arseni Iatseniuk, tinha sublinhado no domingo a necessidade que a Ucrânia tem de um “Plano Marshall”. Não será Marshall, mas sim um “Plano Ucraniano”, baptizado pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, durante as conversações de Munique, como avançou o Wall Street Journal.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O líder do partido da oposição Batkivschina (Pátria), Arseni Iatseniuk, tinha sublinhado no domingo a necessidade que a Ucrânia tem de um “Plano Marshall”. Não será Marshall, mas sim um “Plano Ucraniano”, baptizado pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, durante as conversações de Munique, como avançou o Wall Street Journal.

Pouco se sabe ainda acerca dos pormenores do plano mas deve contemplar uma componente de ajuda financeira, algo vital num momento em que a economia ucraniana está em estado crítico. O programa está “em fase de preparativos”, afirmou um diplomata europeu à AFP. Outro responsável sublinhava que “há ainda muito a fazer para passar da ideia vaga a um plano detalhado”.

O prioritário é sentar os parceiros europeus e norte-americanos e ver qual o montante passível de ser disponibilizado. No entanto, “é difícil chegar ao nível da oferta russa”, admitiu o mesmo diplomata, mesmo que, ao Wall Street Journal, Ashton tenha realçado que “os números não serão modestos”. O acordo depende da implementação de reformas políticas e económicas, acrescentou Ashton, que deverá voltar a Kiev na quarta-feira.

Quando o Presidente Viktor Ianukovich recusou assinar um acordo de parceria com a UE, a Rússia colocou em cima da mesa uma linha de crédito de mais de 11 milhões de euros e uma redução de 30% no valor do gás natural. Mas na última semana, após a demissão do Governo ucraniano, Moscovo suspendeu o acordo, preferindo esperar pela constituição do novo gabinete.

Com o regresso de Ianukovich, que esteve de baixa nos últimos dias, é incerto o que pode acontecer no curto prazo. A semana passada ficou marcada por uma série de concessões que o Presidente fez à oposição mas também pela chegada a um impasse nas negociações e pelo receio de que o exército possa vir a ser chamado para impor a ordem nas ruas.

Esta terça-feira, o Parlamento vai debater, sob proposta da oposição, uma lei de revisão constitucional que visa repor o equilíbrio de poderes de 2004. A ser aprovada, esta mudança iria implicar uma perda considerável dos poderes presidenciais, que seriam repartidos com o Parlamento.

Este poderia ser o primeiro passo para a resolução pacífica da crise política, um dos pontos cruciais do plano de ajuda financeira europeu. É, contudo, incerto se o Parlamento – onde o Partido das Regiões de Ianukovich detém uma confortável maioria – vai conseguir aprovar a revisão.

Outra das condições para a concretização do Plano Ucraniano é uma partilha de poderes entre Ianukovich e a oposição, de forma a alcançar uma solução pactuada. O problema é que é precisamente o afastamento de Ianukovich que motiva muitos dos protestos de rua e seria consideravelmente difícil à oposição convencer os manifestantes a aceitarem a sua manutenção.

“A mensagem para a oposição (…) é de que através do diálogo começa-se a juntar as peças de uma solução pacífica”, afirmou ao Wall Street Journal um dirigente norte-americano.

Um novo Governo deverá então proceder às reformas económicas requeridas pelo FMI, que já tinha um programa delineado antes da crise política. “Ninguém lhes vai dar dinheiro se eles não fizerem reformas económicas assim como reformas políticas, porque isso seria atirar dinheiro fora”, observou o mesmo responsável.