Revisão dos tratados europeus não é prioritária, frisou Hollande a Cameron

Discutiu-se cooperação militar na cimeira franco-britânica e o Presidente francês criticou planos de Cameron de referendar presença do Reino Unido na UE.

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David Cameron ouviu as críticas de François Hollande na conferência de imprensa comum Leon Neal/AFP

Foi a mais glacial das cimeiras franco-britânicas a que juntou esta sexta-feira o Presidente francês François Hollande e o primeiro-ministro britânico David Cameron na base militar de Brie Norton, perto de Oxford. A cooperação militar era o tema forte da agenda, e por aí tudo correu bem, mas os dois líderes trocaram farpas na conferência de imprensa comum sobre os planos de Cameron de referendar a presença do Reino Unido na União Europeia.

Desde que Cameron e o então Presidente francês Nicolas Sarkozy assinaram o tratado de defesa de Lancaster House em 2010, a cooperação militar dos dois países é um facto. Um dos mais importantes projectos é o desenvolvimento de um drone de combate franco-britânico, para o qual os dois países co-financiam um estudo de exequibilidade a dois anos no valor de 145 milhões de euros, entregue aos grupos Dassault (francês) e BAE Systems (britânico).

Mas se a cooperação militar os une, as agendas nacionais têm afastado os dois países. Enquanto Hollande disse “respeitar perfeitamente” a escolha de Cameron em organizar um referendo sobre a manutenção do Reino Unido numa União Europeia em que haja uma revisão dos tratados, o Presidente francês frisou que - até 2017, se ganhar as próximas eleições - “a revisão dos tratados não é uma prioridade.”

Foi um balde de água fria para o líder britânico ao seu lado, e uma forma de recordar a Cameron que, se houver grandes alterações aos tratados da EU, poderá haver necessidade de convocar novos referendos também em França. E o balanço dos dois que se realizaram até agora é um empate: em 1992, sobre o tratado de Maastrich (positivo) e em 2005 sobre o tratado constitucional (negativo).

“A França gostaria que a zona euro se coordenasse melhor, se integrasse melhor. Mas não sentimos que seja prioritário haver emendas aos tratados, não pensamos que isso seja urgente. Rever os tratados não é, por ora, uma prioridade. Se fizermos grandes alterações, será preciso fazermos também um referendo”, frisou o Presidente francês.

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