Câmara de Leiria repõe areia na praia do Pedrógão e envia factura à Agência do Ambiente

Solução é "provisória" e pode não resistir a um novo avanço do mar. Autarca reclama projectos de intervenção definitiva no valor de um milhão de euros.

A intervenção de urgência teve como alvo a zona central da praia do Pedrógão, a mais atingida pelas ondas na madrugada de terça-feira, onde foram depositados nove mil metros cúbicos de areia. A autarquia interveio também junto à rotunda norte, onde desapareceu o paredão, os passadiços, o passeio e uma parte do alcatrão. No total, foram gastos "mais de cinco mil euros", afirma o presidente da câmara, Raul Castro. "Esperamos ser ressarcidos deste investimento", acrescenta, em declarações ao PÚBLICO.

Na zona central da praia, o mar destruiu parte do muro de suporte do Centro Azul, um espaço municipal onde são realizadas actividades de sensibilização ambiental durante o Verão. "Se não houvesse esta intervenção, corríamos o risco de perder o Centro Azul, pondo em causa a própria estrada marginal", garante o socialista. Mesmo assim, Raul Castro teme que esta solução "provisória" não impeça a derrocada daquele edifício, em caso de um novo episódio de forte agitação marítima.

"Esta não é a solução ideal, sendo possível que o mar torne a arrastar a areia, mas a ideia é minimizar as consequências que podem resultar das condições meteorológicas adversas previstas para esta semana", explica o autarca, citado numa nota da autarquia. O litoral do distrito de Leiria está sob aviso amarelo entre as 15h desta segunda-feira e a meia-noite de terça-feira, devido à agitação marítima, estando previstas ondas com quatro a cinco metros.

A autarquia tem manifestado as suas preocupações à APA, responsável pelas intervenções na orla costeira, que tem em mãos projectos definitivos para resolver os danos causados pelo avanço do mar na praia do Pedrógão. Um deles, destinado à manutenção do cordão dunar na zona sul da praia, foi já aprovado e obteve autorização por parte do Ministério do Ambiente para o lançamento do concurso público. "No entanto, ironicamente, o que está mais avançado é o menos prioritário", diz Raul Castro.

Mais atrasados estão os projectos para as zonas central e norte, que deverão custar cerca de um milhão de euros, segundo o autarca, pagos pelo Fundo de Protecção dos Recursos Hídricos. "A APA diz que não tem dinheiro e que não pode candidatar-se, pelo que solicitou à câmara que avançasse [com as candidaturas]", explica, acrescentando que isso levanta "questões jurídicas" que é preciso resolver.

"Espero que esta semana nos entreguem os projectos, para que possamos lançar os concursos com carácter de urgência, até porque estão previstas novas marés vivas em Fevereiro", sublinha.

Já na terça-feira passada, Raul Castro tinha acusado a APA de nada fazer para travar o avanço do mar na única praia do concelho. "Em 2012, foi feito o projecto e até agora fez zero", disse o autarca na reunião do executivo municipal.

 

Sugerir correcção
Comentar