Recolha do lixo em Lisboa só deve normalizar a partir de 10 de Janeiro

Presidente da câmara mandou colocar contentores de obras em locais estratégicos para minimizar efeitos da greve.

Foi em frente a um grande contentor na Praça Afonso do Paço, em Campo de Ourique, que António Costa falou à imprensa. Depois de agradecer aos cidadãos por terem diminuído a produção e o depósito de lixo nas ruas da capital nesta época de Natal, o presidente da Câmara de Lisboa disse que a situação do lixo em Lisboa só ficará normalizada “a partir de 10 de Janeiro”.

Para já, a autarquia tem tentado minorar os efeitos da greve dos trabalhadores dos serviços de limpeza da câmara, que começou na terça-feira e terminará neste sábado, distribuindo mais de dez contentores de grande capacidade por algumas zonas de Lisboa, sobretudo nos bairros históricos, áreas onde, para o presidente, a acumulação de lixo é mais “grave” e é necessário um “esforço complementar” para evitar que o lixo se espalhe.

António Costa referiu ainda que poderão ser colocados mais contentores nas ruas de Lisboa durante os próximos dias, não adiantando o número preciso. “A colocação será feita à medida das necessidades”, afirmou.

Quanto à recolha do lixo desses contentores, o autarca disse que “muitos não serão recolhidos agora”, uma vez que não vai substituir os trabalhadores que estão em greve, já que, por lei, apenas pode minimizar os efeitos que dela decorrem.

A greve dos cantoneiros e motoristas dos serviços de limpeza da Câmara de Lisboa termina neste sábado, mas nesse mesmo dia começa uma outra greve às horas extraordinárias que se estende até dia 5 de Janeiro. Para além disso, há um feriado pelo meio, o que poderá levar a que a autarquia tome outras medidas.

Manter ou não a tolerância de ponto
“Vamos avaliar hoje à noite se se manterá a tolerância de ponto para alguns dos turnos”, referiu António Costa, o que significa que alguns trabalhadores da higiene urbana poderão ter que trabalhar no último dia do ano, para diminuir a acumulação dos resíduos acumulados, apesar de a tolerância de ponto para a tarde da próxima terça-feira já ter sido atribuída aos funcionários.

Vítor Reis, presidente do Sindicato dos Trabalhos do Município de Lisboa (STML), encara esta afirmação como uma “ameaça” e não concorda com a medida, uma vez que “a tolerância de ponto está dada” e, normalmente, nesta altura, “são assegurados os serviços mínimos".

O presidente da Câmara de Lisboa considerou “chocante” que alguns dirigentes sindicais se associem “à campanha de descredibilização do poder local e das freguesias, duvidando das suas capacidades para exercerem as competências que a lei lhes atribui”.

O autarca disse também que a “única verdade” é que os sindicatos “são contra que a lavagem das ruas seja feita pelas freguesias”. Não sua opinião, estes serviços "têm todas as vantagens ao serem geridos pela freguesia” devido à maior “proximidade” e “eficiência” com que serão executados.

O presidente do STML não aceita esta interpretação e afirma que não está “desconfiado da capacidade dos autarcas das juntas de freguesia”, duvidando, no entanto, “das condições que estes têm para as efectuar”.

Na conferência de imprensa, António Costa frisou por mais do que uma vez que todos os direitos dos 1800 trabalhadores (dos quais 870 são afectos aos serviços de higiene) que vão ser transferidos da câmara para as juntas de freguesia de Lisboa “estão assegurados” e que estes manterão um “lugar cativo” na câmara para o caso de voltarem. O presidente referiu ainda que “não está em curso nenhuma privatização em nenhum sector da higiene”, considerando que esta é uma “falsidade” evocada pelos sindicatos.

Vítor Reis considera que não existe uma “privatização directa” dos serviços de higiene, mas que há um “desmantelamento do serviço pelas 24 freguesias”. Para o dirigente sindical, isso poderá fazer com que, no futuro, “quando os autarcas começarem a ter problemas”, estes entendam que “é mais fácil entregar o serviço a uma empresa”.

No final da sua intervenção, António Costa deixou uma mensagem. “Não vamos desistir de uma reforma pela qual nos batemos ao longo de cinco anos."

DGS pede que se guarde o lixo em casa
O facto de muitas ruas de Lisboa estarem sem recolha de lixo levou a que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) emitisse, nesta sexta-feira, um comunicado, no qual recomenda à população que, para evitar situações de insalubridade e minimizar consequências ao nível da saúde pública, faça a separação dos resíduos e a sua manutenção adequada, quando possível dentro das suas habitações ou prédios.

A DGS aconselha também a que, caso não seja possível manter o lixo indiferenciado na residência, este deve ser guardado em duplos sacos e colocado junto aos contentores de rua, sendo “arrumados” da melhor forma para ocupar um menor espaço na via pública. Em relação ao lixo reciclável, se os ecopontos estiverem cheios, a população é aconselhada a mantê-lo em casa até ao final da greve.

 

 
 

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