Rússia amnistia Pussy Riot e 30 activistas da Greenpeace

Como era esperado, a câmara baixa do Parlamento russo aprovou uma lei que amnistia acusações de hooliganismo. Integrantes da banda punk deverão ser libertadas até ao final do ano

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Natalia Kolesnikova/AFP

O Parlamento da Rússia aprovou nesta quarta-feira uma lei que vai levar à libertação de duas integrantes da banda punk Pussy Riot, que foram condenadas a dois anos de prisão, e ao fim das acusações contra 30 activistas da organização Greenpeace.

A amnistia, que foi preparada por Vladimir Putin para assinalar os 20 anos da assinatura da Constituição da Rússia, foi aprovada nesta quarta-feira na câmara baixa do Parlamento, juntamente com uma alteração para passar a abranger os crimes como hooliganismo, precisamente o crime de que foram acusadas Nadezhda Tolokonnikova e Maria Aliokhina, das Pussy Riot. A proposta prevê também a libertação de mulheres que têm filhos pequenos — Tolokonnikova tem uma filha de cinco anos e Aliokhina tem um filho com a mesma idade.


As duas activistas das Pussy Riot foram condenadas a dois anos de cadeia em Agosto de 2012, seis meses depois de terem cantado uma "oração punk" na Catedral do Cristo Salvador, em Moscovo, pedindo à Virgem Maria para "correr com Putin" do poder. Uma outra integrante da banda, Ekaterina Samoutsevitch, foi libertada após recurso.


A advogada de Nadezhda Tolokonnikova e Maria Aliokhina, das Pussy Riot, espera que as duas prisioneiras sejam libertadas antes do final do ano.

??"A situação agora depende exclusivamente das administrações das cadeias em que elas estão, mas eu acho que ninguém vai querer adiar a libertação destas duas raparigas", disse Irina Khrunova à agência Itar-Tass.

Se a lei não tivesse sido aprovada, as duas integrantes das Pussy Riot seriam libertadas dentro de três meses. As 30 pessoas que seguiam a bordo do navio da Greenpeace Arctic Sunrise, detidas em Setembro durante um protesto numa plataforma de petróleo russa no Árctico, foram inicialmente acusadas de pirataria, mas a acusação foi mais tarde alterada para hooliganismo.

Todos os detidos foram já libertados sob fiança, mas agora deverão ser amnistiados. Uma das activistas, a brasileira Ana Paula Maciel, teme pelo futuro dos seus companheiros russos. "Passei dois meses na cadeia por um crime que não cometi e enfrentei acusações absurdas", disse a activista, citada no site da Greenpeace. "Os meus pensamentos estão agora com os nossos colegas russos. Se aceitarem esta amnistia, ficarão com registo criminal no país em que vivem, e tudo por causa de algo que não fizeram."


? A amnistia exclui um dos rostos da oposição, Alexei Navalni, e o antigo empresário russo Mikhail Khodorkovski, mas abrange também pelo menos oito opositores de Putin que participaram nos protestos de Maio de 2012.

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