Ex-secretário de Estado de Portas aprovado “com limitações” para administração de empresa pública

Cresap aconselha Francisco Almeida Leite, proposto pelo Governo para vogal da Sofid, a frequentar “formação complementar em gestão”.

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Francisco Almeida Leite Nuno Ferreira Santos

O parecer da comissão presidida por João Bilhim, organismo a quem coube fazer a avaliação curricular e de competências dos três nomes propostos pelo Ministério das Finanças para a comissão executiva desta empresa pública, foi publicado na quinta-feira.

A Cresap emitiu um parecer adequado à nomeação de Paulo Arsénio Lopes para o cargo de presidente da Sofid e o mesmo diz em relação a António Azevedo Gomes para vogal da comissão executiva. Já sobre Francisco Almeida Leite – ex-jornalista do Diário de Notícias e ex-vogal do conselho directivo do Camões (Instituto da Cooperação e da Língua) –, a Cresap apresenta reservas e faz algumas recomendações.

O organismo sustenta que o nome proposto pelo Governo do qual Almeida Leite fez parte durante três meses, embora seja “uma personalidade com motivação, dinamismo e vontade”, não tem conhecimento “do sector bancário ou financeiro, ou mesmo das reais exigências com que as empresas se defrontam no mundo real e das dificuldades para tornar sustentáveis projectos no longo prazo”.

Por essa razão, a Cresap recomenda “vivamente” a Almeida Leite a “frequência de uma formação complementar em gestão, de nível académico, com obtenção de um grau numa escola com reconhecida exigência formativa, de forma a permitir a compreensão em contexto real da complexidade do mundo empresarial e financeiro e dos seus tempos para que se obtenha sucesso e sustentabilidade”. Esta é, segundo o mesmo parecer, uma condição “fundamental para o exercício de funções de gestão de topo”.

A Sofid é uma empresa pública que, em articulação com a estratégia definida pelo Estado, dá apoio financeiro às empresas portuguesas que operam em países emergentes. É controlada em 60% do capital pelo Estado e tem ainda como accionistas a CGD, o BCP, o BES e o BPI, cada um dos bancos com uma participação de 10%.

A Cresap reconhece, no entanto, que a passagem do ex-jornalista pelo instituto Camões e a experiência ali adquirida “no contexto de serviços de cooperação internacional” podem “porventura” ser-lhe úteis “no diálogo que a Sofid terá de continuar a manter com os países emergentes, em particular os PALOPS [sic]”. E é nesse seguimento que sugere “vivamente” que a Francisco Almeida Leite sejam atribuídas “funções ligadas ao ‘suporte’ e no sector das relações internacionais e das relações públicas”. Por serem “certamente importantes para a Sofid no mercado onde tem operado”, escreve ainda a Cresap, Almeida Leite pode ter aqui “uma contribuição positiva” enquando vogal da comissão executiva.

Almeida Leite saiu há quatro meses do Governo aquando da remodelação governamental que resultou na subida de Paulo Portas a vice-primeiro-ministro, de quem foi secretário de Estado entre Abril e Julho quando este era ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Antes, passou pelo instituto Camões como vogal do conselho directivo, depois de sair do Diário de Notícias, onde era jornalista. Segundo o Expresso, que já noticiara a decisão da Cresap, o Governo chegou a apontar o nome de Almeida Leita para a liderança da Sofid.

Quanto a Paulo Arsénio Lopes, indicado pelas Finanças para presidente da empresa pública, a Cresap considera que o gestor “conhece por dentro o funcionamento do sector bancário” e tem “experiência significativa em contexto internacional num país da CPLP, onde deteve funções de gestão de topo nos sectores bancário e segurador” (Banco Comercial do Atlântico, de Cabo Verde). Isso será “certamente uma mais-valia na tomada de decisão de oferta de serviços e produtos financeiros a empresas e processo de internacionalização no quadro dos países emergentes”, considera-se ainda no mesmo parecer.

Em relação a António Azevedo Gomes, a Cresap entende ser um perfil com “orientação técnica e com conhecimento do meio empresarial português, dadas as responsabilidades que tem vindo a assumir numa perspectiva da gestão da carteira de créditos de redes de empresas”. Será, de acordo com a apreciação do organismo, uma mais-valia “no processo de negociação que venha a permitir maior liquidez à Sofid”.

No ano passado, refere a Cresap, as remunerações anuais dos membros da comissão executiva da Sofid variaram entre 101 mil euros e 119 mil euros.
 

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