Eleições em Bissau voltam a ser adiadas, agora para Março de 2014

O escrutínio estava marcado para 24 de Novembro, após um primeiro adiamento em Maio.

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O decreto é assinado pelo Presidente interino, Manuel Serifo Nhamadjo ISSOUF SANOGO/AFP

As eleições presidenciais e legislativas na Guiné-Bissau, que deveriam realizar-se a 24 de Novembro, foram adiadas para 16 de Março, segundo um decreto do Presidente de transição, Manuel Serifo Nhamadjo, publicado esta sexta-feira.

O mesmo decreto refere que a decisão de adiar as eleições foi tomada após concertação entre “o governo de transição, os partidos políticos e a Comissão Nacional de Eleições (CNE)”, organismo encarregue do escrutínio. O recenseamento vai iniciar-se por todo o país entre 1 e 21 de Dezembro, afirmou o ministro da Administração Territorial.

Inicialmente estas eleições deveriam ter-se realizado em Maio de 2013, mas cinco meses antes, em Janeiro, o Presidente interino anunciou que era “tecnicamente” impossível organizá-las naquela data.

Em Dezembro de 2012, a CNE guineense tinha afirmado que seriam necessários 30 milhões de euros, uma revisão do código eleitoral e um recenseamento biométrico para a organização de eleições credíveis no país. Nenhuma destas condições estão reunidas. O representante especial das Nações Unidas para a Guiné Bissau, José Ramos-Horta, diz que até agora só há 14 milhões, diz a AFP.

As presidenciais e legislativas devem ser a etapa final da transição iniciada após o golpe de Estado comandado pelo general Antonio Injai que, no dia 12 de Abril do ano passado, derrubou o Presidente Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Junior no período entre as duas voltas das eleições presidenciais, em que o favorito era Gomes Júnior.
 
 A União Europeia suspendeu o apoio à Guiné-Bissau após o golpe e vários países, como Portugal, não reconhecem as autoridades de transição. Mas a iniciativa de adiar as eleições foi bem acolhida pela classe política guineense, relata a agência AFP.

Augusto Olivais, do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC, o partido derrubado do poder em 2012), considerou que a nova data "não estava mal", sem mais comentários.

Do lado da oposição, o Partido da Renovação Social (PRS, do ex-Presidente Kumba Yala), disse que se conformará com o novo calendário, ainda que o seu presidente, Albert Nambéia, diga que preferia a data de Novembro, porque a maioria dos seus apoiantes são agricultores. "Em Maio, já estamos na altura da comercialização da noz de caju, que ocupa toda a gente." O caju é o principal produto de exportação da Guiné Bissau, oficialmente traz ao país 46 milhões de euros anuais.

Yaya Djalo, líder do Partido da Nova Democracia (PND), diz que a nova data "é razoável". "Os partidos terão tempo suficiente para se preparar. Será preciso trabalhar seriamente para não haver novo atraso", declarou.

 

 

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