Exportações agro-alimentares para fora da Europa aumentaram 11%

Depois do leite para a China e da carne de aves para os Emirados Árabes, Governo está a acelerar habilitação de produtos para o México, Japão e Coreia do Sul.

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As conservas de peixe estão entre os produtos mais exportados pelas empresas nacionais Enric Vives-Rubio

Com o maior cliente a perder poder de compra, os esforços das empresas para conseguirem vender os seus produtos agrícolas e alimentares estão todos focados no mesmo objectivo: exportar para fora do espaço europeu.

Mais de 67% destes bens são comprados por países da União Europeia, mas a estratégia de diversificação está, lentamente, a dar frutos: as exportações extracomunitárias aumentaram 11% entre Janeiro e Agosto deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, somando mais de mil milhões de euros. E, desde 2008, as vendas para fora da UE cresceram 11,3%, atingindo, o ano passado, o valor mais alto deste período: 1.593.618 euros, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, compilados pela AICEP, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.

Ainda assim, e apesar da crise interna, Espanha continua a ser, de longe, o principal cliente de Portugal, com um peso de 36% nas compras. Entre Janeiro e Agosto, os espanhóis compraram mais 6% de produtos. Na lista dos principais mercados seguem-se Angola, França, Brasil e Reino Unido (este, sim, com quebras de 1,5% face ao ano passado).

Vinho, azeite, conservas de peixe e cervejas de malte são os produtos mais exportados pelas empresas nacionais. Deste top 3, a cerveja disparou 28% entre Janeiro e Agosto, numa altura em que no mercado interno o consumo da bebida caiu para níveis de 1990. Também o azeite registou um aumento expressivo das vendas para o exterior (27,6%), tal como as conservas de peixe (28%), indústria que tem conseguido manter a sua vocação exportadora.

O crescimento das vendas internacionais no sector agro-alimentar está muito dependente da abertura de novos mercados. Por exemplo, conservas de peixe, azeite, vinho, leite e lacticínios são os únicos produtos que Portugal pode exportar para a China. E, no caso do leite, só em finais de Maio as fronteiras se abriram pela primeira vez, depois de o dossier ter sido, finalmente, aprovado, num processo que se arrastava desde 2004.

Questionada pelo PÚBLICO sobre os dossiers de habilitação mais recentes de produtos, fonte oficial desta secretaria adianta que o processo de exportação de carne de aves e de ruminantes para os Emirados Árabes Unidos (EAU) ficou concluído em Setembro. Está em curso a "habilitação de certificação de exportação de carne de porco e suínos vivos" para a China e outros produtos para o México, China, Japão, Coreia do Sul.

A China "aceitou o dossier técnico" apresentado por Portugal para a exportação de porco e suínos vivos e espera-se, agora, a vinda de uma missão chinesa para analisar o sistema de segurança alimentar e de certificação. A Secretaria de Estado da Alimentação acredita que este "será um passo decisivo para a conclusão do processo e consequente início de exportação". Fonte oficial acrescenta que este processo, que arrancou em 2001, foi retomado durante a visita à China, em 2012, de Paulo Portas e do secretário de Estado da Alimentação, Nuno Vieira e Brito.

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