Descendente dos Medici quer Florença na lista do património em perigo

O turismo de massas está a ameaçar o património e a afectar a imagem de Florença, diz Ottaviano de Medici

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"David", de Miguel Ângelo Patrick HERTZOG/AFP

O aristocrata florentino Ottaviano de Medici, que usa o título de príncipe, defende que o centro histórico de Florença seja inscrito na lista da UNESCO do património mundial em perigo, argumentando que o turismo de massas está a ameaçar a cidade e a corromper a sua identidade cultural. Descendente, por via indirecta, dos príncipes toscanos de Ottajano, um dos ramos da família Medici, e presidente da Associazione Internazionale Medicea, Ottaviano enviou à autarquia de Florença um documento, que entretanto tornou público, com várias propostas para “salvar” o centro histórico da cidade. Pretende agora fazer chegar o seu apelo ao Comité do Património Mundial da UNESCO.

Segundo o descendente dos Medici, um dos problemas está no facto de os operadores turísticos orientarem os 16 milhões de turistas que Florença recebe anualmente para um núcleo muito reduzido de locais icónicos, próximos uns dos outros, que incluem a Galeria dos Ofícios, o Museu da Academia (que conserva o David de Miguel Ângelo) e a catedral.
Esta concentração de turistas num perímetro tão pequeno, observa o príncipe, está a degradar as estreitas ruas pavimentadas do centro histórico, bem como os monumentos mais visitados, e contribui ainda para grandes disparidades económicas no interior da cidade, uma vez que só os comerciantes dessa zona beneficiam do dinheiro dos turistas.

“A imagem da cidade está a ser destruída por longas filas de turistas em frente aos museus”, diz Ottaviano de Medici. Mas o aristocrata não responsabiliza apenas os turistas, alargando as suas críticas aos “acampamentos semi-permanentes de ciganos”, às “pessoas alcoolizadas” que deambulam pela noite florentina, à “invasão da fast food” e, finalmente, às “lojas geridas por imigrantes de múltiplas etnias”. Uma lista de alegadas calamidades que, a ser enviada à UNESCO, talvez não contribua para beneficiar a imagem de quem a compilou.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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