Acabou-se uma era política, disse o primeiro-ministro italiano

Alfano não lhe agradeceu os elogios e disse que o líder do PdL ainda é Berlusconi.

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Letta e Alfano na quarta-feira, quando foi votada a moção de confiança ANDREAS SOLARO/AFP

Enrico Letta, o primeiro-ministro italiano, deu como terminada uma era política: “Na quarta-feira, com o voto de confiança ao Governo, encerraram-se 20 anos de forte confronto político. O vice-primeiro-ministro impôs a sua liderança”, disse numa entrevista à televisão Sky. Mas o seu vice-primeiro-ministro, Angelino Alfano, não lhe agradeceu estas palavras: “Não interfira na vida política do nosso movimento político. Berlusconi é o líder”.

“Virou-se uma página de forma definitiva. Espero que isto seja claro para todos e que não se volte atrás”, tinha afirmado Letta, em entrevista a Maria Latella, a jornalista da Sky. “Berlusconi tentou fazer cair o Governo e não conseguiu porque o Parlamento, em sintonia com o país, quis que se continuasse.”

Louvou o papel de Alfano (que é do Partido Povo da Liberdade, de Berlusconi), cuja actuação foi fundamental para a sobrevivência do Governo: “Alfano teve uma liderança muito forte e muito marcada, foi desafiado e venceu o desafio”, declarou o primeiro-ministro sobre o homem que era visto como o delfim de Silvio Berlusconi, mas que ousou desobedecer às directivas deste.

Mas a posição de Alfano no seu partido está longe de ser confortável neste momento, sob pressão dos “falcões”, leais a Berlusconi, para que se realize imediatamente um congresso, pois parte dos deputados desligaram-se do partido, com a intenção de formarem um grupo parlamentar autónomo.

Uma comissão do Senado votou favoravelmente na sexta-feira que Berlusconi seja expulso do Parlamento - após as suas condenações a prisão efectiva por fraude fiscal -, o que deverá ser decidido em breve por votação no plenário. Os seus advogados fizeram saber no sábado que, em vez de prisão domiciliária, o ex-primeiro-ministro (que não vai para a prisão devido à idade, 77 anos) está interessado em cumprir a pena desempenhado tarefas de interesse social.

Neste contexto, a reacção de Alfano aos elogios de Letta é de auto-preservação no seio do seu partido em torvelinho: “Não aceitamos e não aceitaremos ingerências no livre confronto de ideias no nosso movimento político”, afirmou.
 
 

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