Letta pede voto de confiança e acusa Berlusconi de "humilhar Itália"

O primeiro-minsitro italiano ameaçou “acabar com a sua experiência” de governo.

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A paciência de Letta parece ter chegado ao fim Keith Bedford/Reuters

À enésima crise governamental em Itália provocada pelos infortúnios jurídicos e políticos de Silvio Berlsuconi, o primeiro-ministro Enrico Letta bateu na mesa e anunciou que vai pedir um voto de confiança ao Parlamento no início da próxima semana.

Numa reunião do conselho de ministros sexta-feira à noite, Letta ameaçou “acabar com a sua experiência” de governo se a frente pró-Berlusconi continuar a paralisar a sua acção. Saído das fileiras do Partido Democrático, Letta dirige há seis meses uma improvável coligação de direita-esquerda.

O tira-teimas, que deverá acontecer na terça-feira, é para Letta clarificar se continua a dispor de uma maioria parlamentar ou se se demite. Muitos analistas consideram que os deputados do Povo da Liberdade (PdL) de Berlusconi não estão verdadeiramente interessados numa crise, mas a incerteza sobre se vão, ou não, provocar a queda do Governo é real, até porque a sua acção dependerá dos conselhos que o imprevisível Berlusconi lhes der.

A paciência de Letta esgotou-se na quinta-feira depois dos deputados do PdL terem ameaçado com uma demissão em bloco para protestar contra a votação, na quarta-feira, de uma comissão do Senado sobre a destituição de Berlusconi do lugar de senador, depois de ter sido condenado por fraude fiscal – crime pelo qual ficou inibido de exercer cargos públicos durante cinco anos e pelo qual terá que cumprir um ano de prisão domiciliária ou de trabalho comunitário.

Para os deputados do PdL, este voto é a consequência de uma conspiração da esquerda empenhada em pôr fim à carreira do seu herói inocente e perseguido pelos “juízes de esquerda” – uma argumentação colada à do próprio Cavaliere.

Letta acusou Berlusconi de “humilhar a Itália” e de estar a travar a sua acção governativa: “Não estou disponível para continuar sem uma clarificação. Ou avançamos e colocamos o país e o interesse dos cidadãos acima de tudo, ou então paramos”, avisou na sexta-feira.

O primeiro-ministro também avisou que nenhuma medida política – incluindo o adiamento da polémica subida do IVA de 21% para 22%, que deverá assim entrar em vigor no dia 1 de Outubro – vai avançar enquanto não ficar clarificada a situação de estabilidade governativa em Itália.
 
 
 

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