Ímpeto da revolta de Junho no Brasil não chegou aos protestos do 7 de Setembro

As mais importantes cidades brasileiras foram de novo palco de distúrbios entre manifestantes e polícia mas o movimento teve fraca adesão

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Lojas e agências bancárias foram vandalizadas Ricardo Moraes/Reuters

Foi convocado pelas redes sociais para ser o “maior protesto da História” para a data simbólica de 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil, mas as manifestações que neste sábado tomaram conta das ruas das principais cidades do Brasil tiveram menos impacto e expressão do que a vaga que fez tremer o país em Junho quando centenas de milhares de pessoas se juntaram aos protestos.

A forte presença policial foi pensada para conter uma previsível repetição dessa vaga, quando a indignação face ao aumento do preço dos transportes deu lugar a uma revolta contra a corrupção dos políticos e o dinheiro gasto para o Mundial de Futebol do próximo ano perante a falta de meios na saúde ou no ensino. 

As razões continuam a ser mais ou menos as mesmas. Mas este sábado, não terão sido mais de 17 mil pessoas a descer às ruas em pelo menos sete importantes cidades, incluindo Porto Alegre, Vitória, Belo Horizonte e Recife, além de Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. O número é avançado  pelo G1, portal de notícias da Globo.

Pelo menos 32 pessoas ficaram feridas nos confrontos com a polícia e mais de 220 foram detidas, segundo o jornal O Globo. A Folha de São Paulo fala em 300 pessoas detidas depois de um dia de protestos com “baixa adesão”. “Voltámos às ruas para lembrar às autoridades as nossas reivindicações de Junho : o fim da corrupção, melhores transportes, saúde e educação”, disse à AFP Ivana Ariel, uma estudante de Brasília.

Nesta cidade, e contra a vontade dos manifestantes, o jogo de futebol entre Brasil e Austrália realizou-se num dos estádios construídos para o Mundial do próximo ano. Também em Brasília, os manifestantes não puderam chegar ao Congresso Nacional para, num acto simbólico, exigir a saída dos políticos corruptos.

No Rio de Janeiro, houve confrontos entre polícia e manifestantes na Avenida Presidente Vargas, relata O Globo. O jornal acrescenta que manifestantes do grupo anarquista Black Blocs, de cara tapada, tiraram as bandeiras do país, do estado e da cidade, no centro, ateando fogo nalguns desses símbolos. Em São Paulo, como noutras cidades, os manifestantes lançaram garrafas aos agentes da polícia e estes dispararam balas de borracha e gás lacrimogéneo. Algumas lojas e agências bancárias foram vandalizadas.

“Foi assustador”, descreveu Rosangela Silva, que tinha saído à rua no Rio de Janeiro para assistir ao desfile. As celebrações foram reduzidas para não dar margem para distúrbios e violência. De manhã, Dilma Rousseff acompanhou o desfile militar em Brasília. Na véspera, a Presidente tinha deixado uma mensagem dizendo que “o povo tem o direito de se indignar” num país onde os serviços públicos “ainda” são “de baixa qualidade” mas onde se deve “reconhecer” que também tem havido “grandes resultados".

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