FAO estima máximos históricos na produção mundial de cereais em 2013

Instituição alerta para a situação de carência alimentar que se vive em muitos países.

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A Organização para a Alimentação e a Agricultura prevê para este ano um máximo histórico na produção mundial de cereais, num relatório que conclui haver 34 países, 27 dos quais em África, a precisar de assistência alimentar externa.

As conclusões são do relatório trimestral Perspectivas de Colheita e Situação da Alimentação, publicado nesta quinta-feira pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Segundo o documento, a produção mundial total de cereais deverá aumentar este ano em cerca de 7% face a 2012, o que ajudará a "repor os stocks globais e a aumentar as esperanças de mercados mais estáveis em 2013/2014".

Este aumento pode elevar a produção mundial de cereais até 2.479 milhões de toneladas, o que representa um novo recorde.

Segundo a FAO, a produção de trigo em 2013 deve chegar aos 704 milhões de toneladas, mais 6,8% do que no ano anterior, e a produção de cereais secundários está calculada em cerca de 1.275 milhões de toneladas, mais 9,7% do que em 2012.

A previsão para a produção mundial de arroz em 2013 aponta para um aumento de 1,9%, atingindo cerca de 500 milhões de toneladas.

O relatório estima um aumento de 5% nas importações de cereais pelos Países de Baixo Rendimento com Défice Alimentar (PBRDA) em 2013/2014.

O documento acrescenta que os preços internacionais do trigo caíram ligeiramente em Junho, com o início da temporada de colheita de 2013 no hemisfério norte, e os do milho aumentaram devido à contínua escassez na oferta.

No capítulo referente à segurança alimentar, a FAO alerta para a situação na Síria, onde a produção de trigo caiu bastante abaixo da média este ano devido à escalada do conflito, que afectou também "severamente" o sector pecuário.

"Estima-se que cerca de quatro milhões de pessoas se encontrem em situação de insegurança alimentar severa" no país, sublinha a organização.

A agitação social no Egipto, assim como a redução das reservas cambiais, têm também gerado preocupações ao nível da segurança alimentar.

Os conflitos na República Centro-Africana e na República Democrática do Congo, que afectam cerca de 8,4 milhões de pessoas, contribuem para manter "as graves condições de insegurança alimentar" na região da África Central.

Apesar de uma melhoria da situação alimentar da região da África Ocidental, após uma produção de cereais acima da média em 2012, grande número de pessoas ainda sofrem com os conflitos e os efeitos da crise alimentar de 2011/2012, acrescenta a FAO.

Já na África Oriental, apesar da segurança alimentar doméstica ter melhorado na maioria dos países, persistem grandes preocupações em relação às áreas de conflito na Somália, no Sudão e no Sudão do Sul, onde há um milhão, 4,3 milhões e 1,2 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, respectivamente.

No total, escreve a FAO, existem 34 países que precisam de assistência alimentar externa, dos quais 27 se encontram em África.

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