O ministro da Economia afirmou nesta terça-feira o objectivo de envolver “no próximo ano” 120 mil jovens no programa de emprego Impulso Jovem, cuja reformulação foi apresentada num evento marcado por protestos de um grupo de jovens.

Álvaro Santos Pereira conduzia a sessão de apresentação da reforma do programa Impulso Jovem, quando foi interrompido por um grupo de quatro jovens com cartazes a exigirem emprego com frases como “Trabalho, sim; estágios não”, “Queremos trabalho” e “Governo rua”.

“É por isso que estas iniciativas são tão importantes”, respondeu Álvaro Santos Pereira aos protestos, sublinhando o apelo exibido por um cartaz levantado por um dos quatro jovens que o interromperam. “Estes jovens têm toda a razão quando dizem ‘Queremos trabalho’”, reforçou o governante.
 

Em declarações aos jornalistas no final do evento, Álvaro Santos Pereira regressou ao incidente, para considerar "muito natural que os jovens estejam descontentes neste momento".

"Temos que perceber isso muito claramente. Quando temos uma taxa de desemprego jovem na ordem dos 40%, quando temos países na Europa com taxas de 50 e 60%, era possível os jovens estarem contentes? Não podem estar. É fundamental dar-lhes condições para que criem o seu próprio emprego, para que criem a sua própria empresa, ou que lhes seja dada a oportunidade de um estágio, de formação profissional ou de um emprego", disse.

Neste domínio, a estratégia do Governo - explicou o ministro - é de "trabalhar a dois níveis". Primeiro, através de "políticas activas de emprego", "simplificadas" e "mais direccionadas para a qualificação, para o sistema dual de aprendizagem, e formação profissional", a que se junta um programa de estágios profissionais também circunscrito a apenas uma modalidade de doze meses para candidatos dos 18 aos 30 anos (35 anos no caso da Agricultura), quando até agora havia seis tipos de estágios disponíveis.

Depois, sublinhou o governante, "só é possível combater de forma sustentada o desemprego jovem se tivermos estímulos fortes ao investimento, se tivermos financiamento das nossas Pequenas e Médias Empresas (PME)".

"O combate ao desemprego jovem passa muito pelo financiamento das PME e pelos estímulos ao investimento. É isso que o Governo o está a fazer e tencionamos que a Europa o faça nos próximos tempos. Na Europa existe a intenção de associar o combate ao desemprego jovem com a melhoria das condições de crédito das PME e por isso estaremos envolvidos nesse processo também", acrescentou Álvaro Santos Pereira.

O governante deixou ainda um balanço das políticas de emprego jovem em 2012, apontando terem sido registadas 18.404 candidaturas ao programa Impulso Jovem, das quais 11.391 aprovadas.

Álvaro Santos Pereira referiu ainda terem sido apresentadas 11000 candidaturas a estágios, das quais mais de 9 mil aprovadas.

Os apoios às empresas, como o reembolso da Taxa Social Única (TSU) em resposta à integração de jovens desempregados, recebeu 4000 candidaturas, das quais 2000 foram aprovadas, e as ajudas à internacionalização suscitaram o interesse de 2200 empresas.

A reforma do "Impulso Jovem" aproxima o programa português do programa europeu "Garantia Jovem" e das recomendações da União Europeia, que dedica ao tema o próximo Conselho Europeu e reunirá em Berlim no próximo dia 3 de Julho os ministros do Emprego e Trabalho dos 27 para lançar aquele instrumento europeu para o emprego jovem.

O Impulso Jovem apoiará, a partir de agora, a empregabilidade dos jovens através de quatro vias: Estágios Emprego; diminuição dos custos associados à contratação de jovens, através do reembolso da TSU e do estímulo 2013; apoio do empreendedorismo como alternativa à vertente mais tradicional de trabalho por conta de outrem; apoio da qualificação profissional dos jovens através da formação profissional.

O Conselho de Ministros aprovou no início de Junho de 2012 o programa "Impulso Jovem", que envolve mais de 344 milhões de euros.

A taxa de desemprego jovem está em 40,7%, contra 24,2 na zona euro, segundo dados do Eurostat relativos ao primeiro trimestre do ano.

Notícia actualizada às 15h36 - Acrescenta mais informação