Homem morto pela polícia na Suécia emigrou de Portugal na década de 1970

Caso deu origem aos motins dos últimos dias nos arredores da capital, Estocolmo.

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Os motins nos arredores de Estocolmo começaram no passado domingo JONATHAN NACKSTRAND/AFP

O homem que foi morto pela polícia sueca na semana passada, num incidente que deu origem aos tumultos dos últimos dias nos subúrbios da capital, chamava-se Lenine Relvas-Martins e emigrara de Portugal para a Suécia em 1975.

A informação foi avançada ao PÚBLICO pelo jornalista Anders Clark, do Aftonbladet, que desconhece se Relvas-Martins nasceu em Portugal, mas confirma que vivia na Suécia há 38 anos, onde chegou quando tinha 30 anos de idade. Lenine Relvas-Martins era casado com uma finlandesa.

Foi esta a causa directa da onda de violência nos subúrbios de Estocolmo, que começou na noite de domingo. De acordo com as autoridades, o homem, de 68 anos, foi baleado pela polícia em sua casa quando ameaçou os agentes com uma arma branca, depois de estes terem respondido a uma queixa por distúrbios.

O nome Lenine Relvas-Martins não consta da lista de sócios da Associação de Portugueses de Estocolmo. Contactado pelo PÚBLICO, um funcionário da associação disse que se comenta "entre um pequeno grupo de pessoas" que o homem morto pela polícia "é português", mas disse também que nunca ouviu falar no nome em questão.

O cunhado da vítima mortal, Risto Kajanto, tem uma versão diferente. Em declarações ao jornal sueco Aftonbladet, Kajanto afirma que Relvas-Martins e a sua mulher foram confrontados por um grupo de jovens depois de terem jantado num restaurante. Lenine Relvas-Martins terá ameaçado os jovens com uma faca. Já em casa, resolveu não abrir a porta aos agentes da polícia, por pensar que eram os jovens que tinha acabado de encontrar na rua. Segundo Risto Kajanto, a polícia arrombou então a porta e matou o homem, que residia em Husby, nos subúrbios de Estocolmo.

Os motins que têm agitado os subúrbios da capital sueca, em zonas onde vivem muitos imigrantes e jovens descendentes de imigrantes, sem grandes perspectivas de emprego, continuaram pela quinta noite consecutiva. Arderam pelo menos 30 carros e foi lançado fogo, rapidamente dominado, a duas escolas e a uma esquadra de polícia. Foram detidas oito pessoas, jovens na casa dos 20 anos. A polícia de Estocolmo anunciou que vai mobilizar reforços.
 
 
 
 

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