Morreu Richard Griffiths, o actor que foi tio de Harry Potter

Tinha uma longa e muito respeitada carreira no teatro, mas foi enquanto Vernon Dursley na série Harry Potter que se tornou conhecido em todo o mundo.

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Richard Griffiths (à esquerda) e Daniel Radcliffe em 2008 REUTERS/Gary Hershorn

O mundo acompanhou a sua ira e a malvadez enquanto Vernon Dursley, tio de Harry Potter, papel que tornou Richard Griffiths uma figura conhecida mundo fora, mas por trás do mediatismo desse papel estava um dos mais acarinhados actores britânicos da actualidade.

 “Qualquer sala em que entrasse tornava-se duas vezes mais divertida e duas vezes mais inteligente pela sua simples presença”, disse Daniel Radcliffe, o actor que encarnou Harry Potter, em homenagem ao amigo. Richard Griffiths morreu aos 65 anos na noite de quinta-feira, no Hospital de Coventry and Warwickshire, na sequência de complicações resultantes de uma operação ao coração.

Ao longo de uma carreira de quatro décadas, tornou-se um dos mais respeitados actores britânicos, com um percurso que se dividiu entre o teatro, o cinema e a televisão. O seu humor e a sua corpulência, usada a seu favor na interpretação, são marcas de alguém descrito como o actor secundário supremo. Mas, apesar do culto devotado a Withnail e Eu, filme de 1987 de Bruce Robinson, ou da presença na peça The History Boys, que lhe valeu distinções dos dois lados do Atlântico (um Tony Award nos Estados Unidos, um Olivier Award em Inglaterra), Richard Griffiths será hoje, consequências do mediatismo, mais recordado pela participação nos filmes da série Harry Potter.

Nascido em Thornaby-on-Tees em 1947, Richard Griffiths teve uma infância que descreveu como “de pobreza Dickensiana”. Filho de pais surdos-mudos, contava ter aprendido língua gestual antes de começar a falar, curioso para um actor tão recordado pelas qualidades dramáticas da sua voz. Abandonou os estudos aos 15 anos, regressando à escola anos mais tarde para estudar artes dramáticas. A sua carreira arrancou verdadeiramente em 1974, ano em que integrou a Royal Shakespeare Company, carimbando posteriormente a sua reputação com interpretações consideradas magistrais de Henrique VIII ou Falstaff.

Sir Nicholas Hytner, director do National Theatre, citado pela BBC News, considerou-o “não apenas um dos mais amados e reconhecíveis actores britânicos”, mas também “um dos maiores”. A sua interpretação em History Boys (A Turma de História, adaptado ao cinema em 2006) era “arrebatadora: uma obra-prima de espírito, delicadeza, malvadez e desolação, muitas vezes em simultâneo”, afirmou Hytner.

Actor intolerante para com as perturbações à acção em palco – várias vezes saiu de personagem a meio das peças para, irritado, advertir espectadores mais ruidosos –, teve pequenas participações, paralelamente à longa carreira teatral, em filmes como Hugo, Piratas das Caraíbas, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça ou Aonde é Que Pára a Polícia 2 1/2.

Corrigido às 17h17: Alterada a formulação errada "linguagem gestual" para "língua gestual".

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