Chipre “não é um modelo” para futuros resgates

Ministros das Finanças europeus concertaram posição e contrariam declarações iniciais do presidente do Eurogrupo sobre alargamento de medidas a outros países.

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Christine Lagarde, Jeroen Dijsselbloem e Olli Rehn, após a reunião do Eurogrupo JOHN THYS/AFP

Um documento confidencial, subscrito pelos ministros das Finanças da zona euro, clarifica que o plano de resgate a Chipre não servirá de modelo a futuras negociações, explicando que a situação no país agora intervencionado é “excepcional”.

“O programa cipriota não é um modelo, as medidas foram feitas à medida para a situação muito excepcional de Chipre”, lê-se no documento assinado pelos ministros das Finanças na terça-feira e que está a ser citado pela agência Bloomberg.

Esta posição contraria as declarações feitas inicialmente pelo presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças holandês, que na segunda-feira deixou transparecer que as medidas acordadas para Chipre poderiam ser aplicadas noutros países, provocando de imediato reacções negativas nos mercados financeiros.

Jeroen Dijsselbloem veio mais tarde corrigir a sua posição sobre o tema, mas as dúvidas permaneceram, perante as versões contraditórias que foram surgindo.

Na terça-feira, o primeiro-ministro da Finlândia, Jyrki Katainen, defendeu que “os proprietários e os investidores têm de sofrer perdas em caso de falência de um banco”. Já Benoit Coueuré, membro do comité executivo do Banco Central Europeu, reagiu afirmando que Dijsselbloem “não tem razão no que diz”.

O plano de resgate acordado entre Chipre, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional prevê um empréstimo de 10.000 milhões de euros em troca de uma reestruturação profunda do sistema financeiro do país, que afectará os dois maiores bancos (Banco de Chipre e Laiki).

No caso do Laiki, o banco será desmantelado, depois de transferidos os depósitos inferiores a 100 mil euros e os activos “sãos” para o Banco de Chipre. Os depositantes acima de 100 mil euros, os accionistas e os detentores de títulos vão ser afectados, com cortes que poderão chegar a 40%.

Para o Banco de Chipre, cujo presidente executivo foi demitido nesta quarta-feira, está prevista uma reestruturação com o objectivo de construir um núcleo duro de capitais próprios de 9% dos activos totais. Também haverá cortes nos depósitos acima de 100 mil euros.
 
 
 

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