Urbanos associa-se a três jornais e compra distribuidor que ia encerrar actividade

Consórcio criou sociedade para comprar a operação da Logista em Portugal. Objectivo é crescer até 30% ao ano e reduzir custos

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Alfredo Casimiro, fundador e dono do grupo Urbanos Miguel Manso

A decisão tinha de ser rápida. A Logista, distribuidora ibérica, preparava-se para encerrar a actividade em Portugal, o que afectaria muitas publicações nacionais suas clientes. Três delasdecidiram juntar-se e encontrar um sócio com experiência no sector para adquirir a empresa. O negócio foi concluído no fim-de-semana. A Urbanos ficou com 75% do capital e o restante está agora nas mãos de três jornais: A Bola, Diário Económico e PÚBLICO.

Foi destas publicações que partiu a iniciativa, no final de 2012, de encontrar uma solução para o expectável encerramento da Logista. "Os editores foram muito forçados a uma decisão para preservarem a actividade da empresa, que a crise foi diminuindo", explicou Gonçalo Faria de Carvalho, administrador da Ongoing (dona do Diário Económico). Já Cristina Soares, administradora do PÚBLICO, acrescentou que a distribuidora "declarou a intenção de encerrar a actividade de publicações caso os editores não assumissem o controlo do capital".

Uma vez confrontados com o problema, o consórcio de clientes da Logista começou a procurar um parceiro, com um requisito claro: experiência no sector da distribuição. A Urbanos (um dos maiores grupos de logística português) foi, de acordo com Faria de Carvalho, a primeira escolha. E o grupo, fundado por Alfredo Casimiro, aceitou o desafio.

"Para a Urbanos, [esta aquisição] encaixa na estratégia de crescimento", afirmou o presidente executivo, João Pecegueiro. A ideia de investir nesta área num momento em que a venda de jornais está em queda não refreou os ânimos, porque a ideia é aproveitar a estrutura do grupo para criar sinergias que poderão reduzir significativamente os custos de distribuição e aumentar a qualidade do serviço.

O negócio acontece numa altura em que a Urbanos se prepara para inaugurar um centro de coordenação operacional, onde será gerida toda a actividade de distribuição. "Vai permitir fazer uma gestão centralizada", melhorando a relação com os pontos de venda. "Vamos conseguir perceber os efeitos sazonais que existem" na venda de jornais e "ser mais produtivos na gestão das sobras", que hoje ainda podem chegar a representar 40% do que é distribuído, disse.

Com cerca de 120 trabalhadores, a sociedade agora criada, que dá pelo nome de Distrinews, factura perto de 100 milhões de euros anualmente e o objectivo é crescer "20 a 30% em três anos", antevê João Pecegueiro. Já Cristina Soares, do PÚBLICO, referiu que as expectativas são "razoáveis", acrescentando que será mantido "um acompanhamento prudente". Com esta aquisição, o centro de decisão da Logista, que está em Espanha, passa para Portugal.

Se não tivessem avançado para este negócio, os três editores seriam confrontados com um problema: é que a alternativa à Logista já é detida por três grandes grupos de comunicação social. Trata-se da Vasp, controlada pela Cofina, Impresa e Controlinveste, que editam publicações concorrentes. Gonçalo Faria de Carvalho, da Ongoing, avançou que "estão completamente abertos" à entrada de novos sócios na Distrinews. Contactada pelo PÚBLICO, a empresa que detém A Bola não esteve disponível para comentar.


 

 

 

 

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