Vice-presidente da Venezuela acusa "inimigos" da revolução de terem provocado cancro de Chávez

O ministro da Comunicação diz que o Presidente está em estado "grave". Diplomata americano expulso de Caracas por "conspiração".

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Nicolás Maduro deu uma longa conferência de imprensa em directo na televisão Telesur/AFP

Numa intervenção em directo na televisão pública, nesta terça-feira, o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou a expulsão de um diplomata dos Estados Unidos da América acusado de conspiração para propagar rumores sobre a morte do Presidente Hugo Chávez e de ter tentado contactar antigos militares, afectos ao regime anterior à revolução chavista.

Maduro, num discurso longo, falou em intriga internacional contra a revolução venezuelana e atribuiu-a aos "inimigos históricos da pátria". Mas o que todos querem ouvir é Maduro dizer como está Hugo Chávez e essa parte do discurso não chegou - falou, sim, de envenenamento, comparando Chávez ao antigo líder palestiniano Yasser Arafat, cujo corpo foi recentemente exumado por suspeita de ter sido envenenado com o elemento radioactivo polónio.

Maduro disse que o Governo tem pistas sobre a origem do cancro de Hugo Chávez que estas serão "analisadas cientificamente". Ou seja, deixou no ar que o cancro lhe foi provocado pelos seus inimigos.

O Governo venezuelano esteve reunido de emergência com o Alto Comando Militar Revolucionário e com os 20 governadores socialistas (o partido no poder) na manhã desta terça-feira para acertar formas de lidar com o futuro. Este encontro realizou-se na manhã seguinte ao anúncio, oficial, de que o estado de saúde do Presidente Hugo Chávez se agravara, sofrendo agora de uma nova infecção respiratória "difícil de controlar".

Num comunicado lido na noite de segunda-feira na televisão pública, o ministro da Comunicação e Informação, Ernesto Villegas, disse que o estado de saúde de Chávez piorou substancialmente e que a sua situação clínica é "muito delicada".
 
De acordo com o jornal espanhol El País, as forças militares e policiais criaram, esta manhã, uma barreira de protecção à volta do Palácio presidencial de Miraflores, em Caracas (a capital). O jornal ABC, também espanhol, tinha avançado que o cancro de que Chávez sofre, na região pélvica, se metastizou e já afecta os pulmões. Esta informação foi desmentida pelo Governo venezuelano, que nunca especificou a zona do cancro diagnosticado em Junho de 2011 e que obrigou o venezuelano a quatro intervenções cirúrgicas em Cuba - a última foi em Dezembro passado, escassos dois meses depois de ter sido reeleito Presidente (não chegou a tomar posse).

Segundo Villegas, Chávez está consciente do seu estado e da gravidade da situação, e com vontade de “cumprir rigorosamente” os protocolos definidos pelos médicos. O ministro apelou à população para que não acredite na “guerra psicológica” que está a ser feita à volta do estado de saúde do Presidente da Venezuela pela oposição – uma situação que tem sido alimentada pelo própria governo, já que desde que o cancro foi diagnosticado, as informações sobre Chávez saem a conta-gotas.

No dia 18 de Fevereiro, quando Chávez regressou a Caracas, foi divulgada uma fotografia mostrando-o rodeado de duas das suas filhas.

Em Caracas, no hospital militar, iniciou um tratamento "intensivo de quimioterapia", especificou Villegas. Hugo Chávez chegou à Venezuela com respiração assistida (foi sujeito a uma traqueotomia e a uma intubação para o ajudarem a respirar), devido a uma série de infecções respiratórias que surgiram no pós-operatório.

A oposição mantém-se fiel ao guião de que exige clarificação sobre o estado clínico do Presidente e, caso este não esteja em condições de exercer o cargo, quer a marcação de novas eleições presidenciais.

O Presidente da Venezuela tem 58 anos e está no poder desde 1999, quando deu início a uma revolução socialista a que chamou bolivariana, por se inspirar nos ideais de Simão Bolívar.

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