Fazer ou não fazer, eis a questão

Sexo antes dos jogos, é ou não é prejudicial à prática desportiva? A dúvida é legítima: Muhammad Ali teria sido o maior pugilista de todos os tempos se tivesse feito sexo antes dos combates?

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Reuters

De tempos a tempos, por norma nos questionários de Verão, entrevistas de vida ou em vésperas de uma grande competição, lá surge, inevitável, erecta, a pergunta das perguntas: sexo antes dos jogos, sim ou não?

O entrevistado sorri, pigarreia, e lá responde. Não interessa o que o entrevistado responde, na verdade, o que conta é o que o homem faz, e o que o homem faz não me diz respeito. A questão é outra: sexo antes dos jogos, é ou não é prejudicial à prática desportiva?

Ninguém sabe ao certo, eis a única certeza. Teorias há muitas, começo pela mais antiga: quanto mais elevados forem os níveis de testosterona, mais elevados são os níveis de agressividade e vitalidade. Como após o acto sexual as hormonas diminuem, com elas diminui o desempenho. Faz sentido. Consta que os treinadores de boxe foram os primeiros a aperceber-se disto. “Fazer sexo na véspera dos combates enfraquece as pernas”, gritavam aos seus lutadores. Muhammad Ali, obedecia, claro está, e abstinha-se. Não um, nem dois dias antes dos combates, mas seis semanas.

A dúvida é legítima, já a vi cirandar por aí: teria sido ele o maior pugilista de todos os tempos se tivesse feito sexo antes dos combates?

Ronda Rousey sabe a história toda, mas não vai em cantigas. “Tento fazer todo o sexo quanto possível antes das lutas”, afirmou durante uma conferência de imprensa. Ronda Rousey? Nada mais nada menos do que a actual campeã da UFC (categoria que mistura várias artes marciais) e a primeira judoca americana a ganhar uma medalha Olímpica, em Pequim. Está tudo na internet. Vejam as fotos.

Há mais casos de "sucexo". Ainda recentemente, o brasileiro Ronaldo assumiu ter tido um sem número de relações sexuais durante os estágios e que isso não o impediu de ser o jogador que foi. "Fenómeno", era a sua alcunha, convém lembrar, não vá alguém deixar-se esmagar pelo seu peso actual. Disse também que a masturbação cansava mais do que o sexo. O compatriota Wagner Love, nome que fala por si, confessou igualmente que, no tempo em que esteve no CSKA de Moscovo, pedia para passar os estágios em casa, fazia sexo quando lhe apetecia, às vezes com várias parceiras, e ia para o campo mais relaxado. Rezam as estatísticas que foi o melhor marcador do Campeonato Russo e da Taça UEFA, em 2008/2009.

Em que é que ficamos, afinal?

Não sei, nem me parece que vá descobrir ao longo deste texto, mas acabo de me cruzar com outra teoria. Segundo “O Filósofo” Jorge Valdano – assim é conhecido no mundo do futebol -, se um jogador tiver relações com a sua companheira não haverá problemas, o problema é se o fizer com outra pessoa. Fazer sexo com alguém que não se conhece implica, segundo o argentino, maior desgaste. O jogador quer fazer tudo bem, mostrar-se e isso desgasta-o física e psicologicamente.

Faz sentido, convenhamos. Tudo faz sentido, desde que bem explicadinho.

E o que é que isto tem a ver com os jogos de fim-de-semana?, tenho vindo a perguntar-me silenciosamente. Nada. (Confidenciaram-me que, nos dias que correm, a escrita só vende se falar de sexo ou gastronomia e eu decidi arriscar, a ver vamos no que isto dá). As dúvidas do jogador de fim-de-semana são outras. Mais do que saber se deverá ou não fazer sexo antes do jogos, o jogador de fim-de-semana pergunta-se, por exemplo, se deve ou não deve jantar. Eu, pelo menos, jogo às 22h00 vai para dez anos e quase todas as semanas me faço a mesma pergunta. O resto, o sexo, é um assunto para debater dentro de portas, ainda que dentro de portas nem sempre esteja a resposta a todas as questões.

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